A greve dos trabalhadores da CP – Comboios de Portugal levou hoje à supressão de 934 comboios dos 1.247 programados (74,9%) entre as 00:00 e as 22:00, segundo dados enviados à Lusa pela empresa.
Os serviços mínimos previam a circulação de 318 comboios, tendo circulado 313.
No que diz respeito aos comboios de longo curso, foram suprimidos 58 dos 76 programados (76,3%), enquanto nos regionais, foram suprimidos 236 dos 311 programados (75,9%).
Estava prevista a circulação de 574 comboios urbanos de Lisboa, mas só foram efetuados 147.
Já no Porto realizaram-se 65 dos 254 programados.
No caso dos urbanos de Coimbra, circularam oito dos 32 programados.
O secretário-geral da Fectrans, José Manuel Oliveira, frisou hoje à noite à agência Lusa que a greve “paralisou praticamente a empresa em todos os setores de atividade”.
“Quer os que são visíveis pelo público quer o que não são, como oficinas, setor técnico e administrativos, também estiveram praticamente paralisados ou com pouca atividade”, frisou o dirigente sindical.
“A parte mais visível foi o fecho das estações em toda a rede e circulação ferroviária reduzido aquilo que foram designados como serviços mínimos”, acrescentou, garantindo que da parte do Governo não houve qualquer contacto para uma reunião.
José Manuel Oliveira já tinha adiantado hoje à Lusa que o que está em causa são salários de entrada baixos, “muito próximos do salário mínimo nacional”, bem como uma diferença reduzida entre a base e o topo da carreira para os trabalhadores da CP, que ronda os 100 euros.
Em consequência, conforme apontou, a empresa tem cada vez menos trabalhadores, apesar de o número de passageiros e o lucro terem aumentado.
Os sindicatos esperam que, na sequência da greve, seja agendada uma nova reunião negocial, vincando que o impacto da paralisação deve levar a tutela e a administração da CP a fazerem “uma reflexão”.
Também hoje o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse que a forma de evitar greves na CP – Comboios de Portugal, como a de hoje, é através do diálogo, afirmando que haveria uma reunião com os sindicatos.
Na quinta-feira, a CP tinha alertado que eram esperadas perturbações na circulação, em especial até sábado.
Os clientes com bilhetes para viajar nos comboios alfa pendular, intercidades, internacional e inter-regional podem pedir o reembolso total do mesmo ou a sua troca.
Os reembolsos podem ser efetuados nas plataformas digitais da CP, até 15 minutos antes da partida do comboio da estação de origem do cliente, ou nas bilheteiras.
A decisão do Tribunal sobre esta paralisação e outra convocada entre os dias 27 de junho e 14 de julho inclui, além dos tradicionais serviços mínimos em comboios de socorro e transporte de mercadorias perigosas e bens perecíveis, uma lista de comboios que devem ser assegurados.
A greve tem a adesão da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), da Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), do Sindicato Nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), do Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), do Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia (Sindefer) e do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA).
O Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), o Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), o Sindicato Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ), a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), o Sindicato dos Transportes Ferroviários (STF), o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) também aderiram.