A greve dos tripulantes de cabine da easyJet cancelou 220 voos entre sábado e hoje, adiantou fonte oficial do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Segundo a fonte, a transportadora aérea tinha programado 276 voos, tendo sido estipulados 52 voos a título de serviços mínimos.
“Assim, nestes três dias foram cancelados 220 voos tendo sido efetuados apenas quatro voos. Estes quatro voos foram efetuados por chefias da easyJet que têm licença para voar”, destacou.
Segundo o SNPVAC, “excluindo estes quatro voos, em que a tripulação dos aviões é composta por chefias da easyJet com licença para voar, a greve teve uma adesão de 100%”.
Os tripulantes de cabine da easyJet em Portugal anunciaram, no dia 17 de março, uma greve para 01, 02 e 03 de abril, depois de um impasse nas negociações com a empresa, segundo um comunicado do SNPVAC.
Na sua fundamentação para avançar com a iniciativa, o sindicato recordou a recuperação do setor nos últimos anos, depois da pandemia, lembrando que em Portugal os tripulantes da easyJet “sempre tiveram uma postura séria de compreensão para as necessidades operacionais da empresa ao longo dos anos”, tendo votado “unanimemente quando a empresa pediu um auxílio, aceitando congelar as suas condições de trabalho por três anos”.
No entanto, indicou o SNPVAC, “durante a pandemia, a easyJet decidiu apoiar com ‘top ups’ bem superiores aos de Portugal a alguns países como a Alemanha e UK [Reino Unido], que por sua vez já tinham apoios bem maiores do Estado”.
O sindicato apontou ainda que, “aquando da retoma da operação, a easyJet decidiu por si ajudar” os “colegas espanhóis com uma garantia mínima, quando os tripulantes em Portugal passaram dificuldades financeiras” e que “as bases e as rotas portuguesas estão entre as mais rentáveis na rede”.
“Devido à conjuntura económica, os trabalhadores da easyJet têm perdido poder de compra ao longo dos últimos três anos”, salientaram, destacando que “o aumento do custo de vida asfixia os trabalhadores e põe em causa o bem-estar e conforto das suas famílias”.
“Nos últimos dois anos, os tripulantes de cabine tiveram de lidar com experiências que ninguém previa, encontrando-se na linha da frente mesmo em períodos críticos”, disse ainda o SNPVAC, garantindo que “noutros países e bases onde a empresa não apresenta o mesmo nível de rentabilidade apresentado em Portugal, os colegas obtiveram aumentos significativos” e que “nesses países foram negociados acordos durante o verão, de maneira a proteger a estabilidade de horário dos trabalhadores”.
No comunicado, o SNPVAC defendeu que os tripulantes de cabine da easyJet “não podem continuar a permitir que a empresa adote uma postura de indiferença, quanto aos problemas da classe há muito identificados”, garantindo que se “gerou um clima de tensão e desagrado pelo longo impasse na resolução dos diversos diferendos laborais”.
Para o sindicato, “não é tolerável o impasse a que se chegou nas negociações do AE/CLA em curso, as quais se podem prolongar indefinidamente no tempo”, assegurando que os profissionais em Portugal “desejam ver a sua lealdade e produtividade mostradas para com a empresa reconhecidas”.