A adesão à greve dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) chegou aos 85% no distrito de Braga, na manhã desta quinta-feira, apurou O MINHO junto de fonte sindical.
A greve levou ao fecho dos balcões da Universidade do Minho e de Terras de Bouro. Os de Barcelos, Amares, Vila Verde, Braga, Vieira do Minho e Famalicão encontram-se abertos, mas a funcionar em “serviços mínimos” só com “órgãos de gerência”, não sendo possível realizar operações como, por exemplo, levantar ou depositar dinheiro.
Como O MINHO noticiou, os trabalhadores da CGD estão em greve hoje e sexta-feira contra a proposta de atualização salarial feita pela administração do banco, num protesto convocado pelo Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo CGD (STEC).
Também hoje há uma concentração de trabalhadores frente à sede do banco, em Lisboa, às 12:00, a qual contará com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
Os trabalhadores do Grupo CGD defendem um aumento justo dos salários, considerando a “proposta de aumento salarial de cerca de 0,4% insultuosa e vergonhosa”, segundo o STEC.
O STEC acusa a administração da CGD de uma postura de “total sobranceria, intransigência e desrespeito para com os trabalhadores”, sublinhando que “esteve desde o início deste processo com total responsabilidade e disponibilidade para negociar, mas não pode aceitar a desconsideração reiterada da gestão sobre os trabalhadores da CGD”.
O sindicato diz que, entre 2020 e os primeiros nove meses de 2021, a CGD teve um resultado próximo dos 1.000 milhões de euros e entregou ao Estado um dividendo extra de 300 milhões de euros, o que – afirma – foi conseguido com o “trabalho, empenho e dedicação de todos os trabalhadores”.
Contudo, acrescenta, “para a administração da CGD esse trabalho vale a miserável recompensa de 0,4% de aumento salarial”, um valor abaixo da inflação prevista para 2021, o que significa que trabalhadores continuarão a perder poder de compra.
Para o STEC, a questão salarial soma-se “a contínua deterioração e degradação das condições de trabalho e ao facto grave e perigoso da CGD não cumprir com o horário de trabalho legalmente estabelecido” e acusa a administração da CGD de não pugnar pelo diálogo e pela paz social na empresa.
CGD lamenta greve durante negociação salarial e diz pagar muito acima dos concorrentes
Por sua vez, a CGD lamenta a greve convocada pelo Sindicato de Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) “em pleno processo de negociação de revisão salarial”, garantindo que a tabela de remuneração do banco “é muito superior” à dos concorrentes.
“A Caixa Geral de Depósitos [CGD] lamenta a decisão do Sindicato de Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), ao contrário dos demais sindicatos da banca, de avançar para a greve em pleno processo de negociação de revisão salarial. A greve é um direito que assiste a todos os trabalhadores, mas não deve ser banalizado, nem ser uma desvantagem competitiva face aos concorrentes”, sustenta, em comunicado.
Afirmando que se “comprometeu com os sindicatos a apresentar uma proposta, o que efetivamente fez”, a Caixa salienta que, “apesar da falta de acordo, as negociações continuam, à semelhança dos restantes bancos”.
No comunicado, a CGD recorda que, este ano, a “massa salarial da Caixa Geral de Depósitos teve um aumento superior a 1,1%” e que, “com a atual proposta da Caixa para tabela salarial, o aumento ficará em 1,5%”.
“A Caixa Geral de Depósitos tem uma tabela de remunerações muito acima dos restantes bancos com quem concorre (mais de 19%), praticando uma remuneração média para colaboradores em funções diretivas de 5.715 euros e funções não diretivas de 2.353 euros”, avança, acrescentando que a pensão média é de 2.118 euros.
Além da revisão da tabela salarial, a Caixa diz estar a propor também “uma atualização dos valores das cláusulas de expressão pecuniária, mesmo sendo já as mais altas da banca”, com destaque para o subsídio de alimentação (11,32 euros/dia), que destaca ser “superior em 16,5% ao da banca (9,72 euros – 9,75 euros/dia)”.
Por sua vez, nota, “o valor do subsídio infantil é, em média, superior em 120% ao valor do praticado em toda a banca”.
“Ainda assim – salienta – a administração apresentou uma proposta de aumento no subsídio de apoio ao nascimento (+1,9%) que passará para 800 euros”, e, “apesar de na Caixa o subsídio ao trabalhador-estudante ser 5,63% mais elevando que a média da banca, a proposta aumenta o seu valor em 4,7%”.
Adicionalmente, a proposta apresentada pela Caixa “prevê o aumento do apoio ao estudo dos filhos até ao 12.º ano, que já é 6,56% mais alto que a média da banca, e também um aumento de 2,55% no subsídio de apoio ao estudo para o ensino superior”.
“O trabalho, mérito, empenho e dedicação dos seus trabalhadores tem tido reconhecimento”, garante o banco, precisando que “cerca de 1.350 colaboradores foram promovidos em 2021 e vão ser realizadas 802 promoções no primeiro trimestre de 2022”, enquanto “cerca de 82% dos colaboradores tiveram prémios desempenho e potencial em 2021”.
“A Caixa, como instituição relevante no setor bancário nacional, continuará a cumprir o seu papel, em concorrência com os restantes bancos, apesar da maior tabela salarial e de maiores encargos com o Fundo de Pensões (com condições únicas no país)”, lê-se no comunicado.
Contudo, sublinha, “como banco português e de capitais públicos, cumpre-lhe assegurar que tem a solidez financeira para enfrentar os desafios futuros, mas também para prosseguir a missão de devolver os montantes que os portugueses e investidores que lhe confiaram quando da recapitalização de 2017”.