Dez personalidades, entre as quais o fotógrafo Alfredo Cunha, de Vila Verde, e a atriz São José Lapa, e uma associação cultural vão ser distinguidas, na quarta-feira, com medalhas de mérito cultural pelo Governo português.
Em nota de imprensa, o Ministério da Cultura revelou hoje que a medalha de mérito cultural será atribuída a dez pessoas – duas das quais a título póstumo – e a uma associação cultural “pelo seu contributo para a arte e a cultura portuguesas, em diversas áreas e disciplinas artísticas”.
Alfredo Cunha, que colaborou com jornais como O Século, Público e Jornal de Notícias e foi fotógrafo oficial dos Presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, é distinguido por mais de 50 anos de carreira que são “um testemunho visual da História contemporânea portuguesa”. Nasceu em 1953, em Celorico da Beira, mas reside há várias décadas em Coucieiro, Vila Verde, sendo autor de muitas das imagens que se tornaram símbolo do 25 de Abril, entre as quais um retrato de Salgueiro Maia.
É atribuída também a medalha de mérito cultural ao colecionador e investigador António Carmelo Aires (1937), cujo “notável acervo de artefactos” de arte pastoril da região do Alentejo deu origem este ano a um espaço museológico na vila de Redondo (distrito de Évora).
O Governo distingue igualmente Emília Nadal e José de Guimarães, dois artistas plásticos que assumem “centralidade na vida artística portuguesa”.
Emília Nadal (1938), de ascendência catalã, participou em estudos sobre educação e arte e tem um percurso “nos domínios do desenho, da gravura, dos objetos, da vídeo-performance, dos figurinos e da cenografia para teatro”.
Colecionador e mecenas, José de Guimarães (1939) é um “artista de projeção internacional, cuja obra incorpora referências multiculturais”, em particular de África e do Oriente.
Atualmente, dezenas de obras do artista e as suas coleções de arte chinesa, africana e pré-colombiana estão expostas no Centro Internacional de Artes José de Guimarães, em Guimarães, cidade onde nasceu.
O cenógrafo e arquiteto José Manuel Castanheira (1952), autor de mais de 300 cenografias para teatro, “cuja carreira, nacional e internacional, abriu e consolidou pontes entre o teatro, a arquitetura e as artes visuais”, também receberá aquela distinção.
Igualmente distinguida vai ser a gestora e comissária cultural Manuela Júdice (1950), antiga vereadora e dirigente da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, e secretária-geral da Casa da América Latina, que “tem desenvolvido uma ação relevante de promoção e de diálogo entre culturas”.
Querubim Rocha (1940), ceramista e mestre oleiro que tem ajudado a salvaguardar a produção de barro negro de Bisalhães (Vila Real), Património Cultural Imaterial classificado pela UNESCO, e a atriz e encenadora São José Lapa (1951), “cuja relevância se reflete na sua ação cultural abrangente e num desempenho caracterizado por uma notável qualidade e coerência de repertórios”, juntam-se às personalidades distinguidas.
A título póstumo são atribuídas medalhas de mérito cultural ao crítico e programador Augusto M. Seabra (1955-2024), “cuja vasta obra contribui para a valorização da cultura portuguesa”, e ao dirigente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros Pedro Sobral (1973-2024), que “deixa um legado de empenho e dedicação à valorização da língua portuguesa, da leitura e do livro”.
Além destas dez personalidades, o Ministério da Cultura reconhece o “papel fundamental na programação regular de arte contemporânea na Madeira” da PORTA 33 – Associação Quebra Costas Centro de Arte Contemporânea, fundada em 1989 por Cecília Vieira de Freitas e Maurício Pestana Reis.
Algumas destas distinções já tinham sido anunciadas individualmente pela tutela da Cultura, sendo agora atribuídas numa cerimónia conjunta na quarta-feira, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, pela ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.