O secretário de Estado da Mobilidade Urbana admite que as obras no metro de Lisboa e do Porto poderão ter uma derrapagem superior a 500 milhões de euros, mas assegura que os custos adicionais “vão ser cobertos”.
“Neste conjunto de mil e 700 milhões de euros, nós estamos a falar de um número final que se aproximará dos 500, 600 milhões de euros de custos adicionais”, refere Jorge Delgado em entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios.
A derrapagem, salienta o governante, deve-se a dois fatores que estão “muito bem identificados”: “custos associados ao arranque da obra, ainda antes do arranque da obra quando se tem de introduzir medidas mitigadoras, e custos de revisão de preços que resultam desta inflação excecional”.
Questionado se esse valor pode ainda aumentar, o secretário de Estado admite que sim, lembrando que, por norma, o valor final de qualquer obra pública costuma ser superior ao inicialmente previsto.
“Pode, pode aumentar naturalmente, como toda a obra pública que é feita que tem uma forma de revisão de preço, o valor final é sempre por norma ligeiramente superior”, admite.
No final de fevereiro, em declarações aos jornalistas durante uma visita às obras do túnel que ligará as futuras estações da Estrela e de Santos do Metropolitano de Lisboa, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, disse que o alargamento da rede em 18 quilómetros, entre a extensão da linha Amarela, a extensão da linha Vermelha e a nova linha Violeta, que vai ligar Loures e Odivelas, representará um investimento de mais de mil milhões de euros.
Em 05 de maio, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, afirmou que o custo das obras para a construção da linha Rubi do Metro do Porto subiu cerca de 50% para 450 milhões de euros, face aos 299 milhões inicialmente previstos.
Na entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o secretário de Estado da Mobilidade Urbana assegura que os custos adicionais “vão ser cobertos”, nomeadamente através do Plano de Recuperação e Resiliência e da sua reprogramação ou, em alternativa, pelo Orçamento do Estado ou pelo Fundo Ambiental.
Jorge Delgado adianta ainda que a comparticipação do Estado à compra de carros elétricos poderá acabar, defendendo uma evolução para um incentivo “mais universal” ao nível do custo do carregamento, para que “ainda possa baixar mais”.
“Mantivemos o incentivo nos últimos dois anos e o número de venda de carros elétricos disparou. A opção de compra não está completamente ligada ao incentivo”, refere, reconhecendo, contudo, que a comparticipação teve um “papel fundamental no início do processo”, já que ajudava à tomada de decisão.