Uma praça da GNR, com o posto de cabo, morador em Vila Verde, é um dos suspeitos de apoiar o grupo terrorista Movimento Armilar Lusitano (MAL), que pretenderia não só assassinar políticos e altos dirigentes da República Portuguesa, como chefes militares, comandantes e dirigentes das forças e serviços de segurança, figurando entre os vários militares da GNR indiciados.
O fio de informações vai fluindo, sabe-se já o nome de alguns elementos da Guarda Nacional Republicana, mas de outros não, porque o processo se encontra sujeito ao regime de Segredo de Justiça e abrangido por Segredo de Estado.
Mas, dados revelados, nesta primeira fase, que se corporizou com a “Operação Desarme 3D”, já identificou agentes da autoridade em vários pontos do território nacional, especialmente de militares da Guarda Nacional Republicana especializados em manuseio de explosivos.
A Polícia Judiciária (PJ) avançou para a “Operação Desarme 3D”, numa fase em que se apercebeu que inclusivamente se estavam a preparar ações violentas, com engenhos explosivos, contra a própria Assembleia da República (o ‘coração’ da democracia portuguesa), ao mesmo tempo que havia ligações da cúpula do MAL, como do chefe da PSP, Bruno Gonçalves, com militares da Unidade de Intervenção da GNR e com um primeiro-marinheiro fuzileiro da Marinha de Guerra Portuguesa, todos no ativo.
No caso da GNR, tudo aponta para que os militares da Guarda Nacional Republicana predispostos a apoiar as ações terroristas, têm em comum ser todos do “Grupo de Timor”, isto é, quer os militares da GNR cujos nomes já foram revelados, quer aqueles cujo conhecimento da identificação ainda não é público, prestaram comissões de serviço na República de Timor Leste, todos sempre integrados na Unidade de Intervenção da GNR, como é o caso do cabo da GNR residente no concelho de Vila Verde.
A criminalidade em investigação, a provar-se, inclui os crimes contra a realização do Estado de Direito, incluindo acusações de traição à pátria e de ligações com o estrangeiro, já que o Movimento Armilar (MAL) é suspeito de estar a preparar ações qualificadas como atentado contra o Presidente da República, alteração violenta do Estado de Direito, incitamento à guerra civil, sabotagem, coação contra órgãos constitucionais, incitamento à desobediência coletiva, entre outros crimes muito graves.
A investigação criminal que levou ao desmantelamento da cúpula do MAL, com a “Operação Desarme 3D”, começou na Polícia Judiciária Militar (PJ-M), mas logo numa fase inicial passou para a PJ (Civil), através da sua Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT), que foi a sucessora da Direção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da Polícia Judiciária, que desmantelou, entre os diversos grupos terroristas, as Forças Populares 25 de Abril (FP-25).
O Serviço de Informações da Guardia Civil (SIGC) da vizinha Espanha, que já tem uma experiência muito acumulada em toda esta matéria, devido às décadas de atividade simultânea de organizações terroristas no país vizinho, tiveram uma colaboração, muito importante, sobre o modo de armamento preparado pelo MAL, que passava por armas e explosivos híbridos, em que às peças feitas com impressão 3D eram acopladas peças metálicas fabricadas artesanalmente, que se provou com estas apreensões.
A conjugação do cruzamento de informações, vigilâncias e seguimentos, bem como da troca permanente de relatórios com as suas congéneres europeias, leva a que a PJ tenha monitorização em tempo real de todos os movimentos radicais, como no caso os de extrema-direita, só atuando com muita certeza, embora a “Operação Desarme 3D” tenha sido desencadeada mais rapidamente, não só pela iminência de ataques terroristas, como dada a participação ativa de membros da GNR e da PSP.
O facto da “Operação Desarme 3D” ter sido precipitada, no bom sentido do termo, para evitar infrações terroristas, em que era suposto o núcleo negacionista do MAL atacar o almirante Henrique Gouveia e Melo, pela sua coordenação do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, afere-se muito claramente pelas declarações da própria diretora da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da PJ, Manuel Santos, que revelou “surpreendida” com o manancial e a sofisticação daquele armamento.