Um militar da GNR de Braga, cujo julgamento continuou esta quarta-feira, mostrou-se já “arrependido” e pediu desculpa aos três magistrados de Vila Verde que difamou através da sua página pessoal de Facebook. O arguido justificou tais escritos na internet e as perseguições à juíza e aos dois procuradores da República da Comarca de Vila Verde por “revolta”, já que todos terão contribuído, enquanto magistrados, para as suas duas condenações, ambas devido a desacatos de vizinhança, por causa de uma dívida de 100 mil euros ao pai do GNR.
“Estou arrependido daquilo que foi crime”, disse o guarda Carlos Lima, referindo-se a 66 crimes de difamação pelos quais responde, pedindo ainda “desculpa” pelos escritos e por abordagens aos três magistrados de Vila Verde. Mas, para o Tribunal Coletivo de Braga, “não existe um arrependimento completo”, ao contrário daquilo que esperavam os juízes.
Carlos Pereira Lima, de 38 anos, solteiro, natural e residente em Vila Verde, prestou esta quarta-feira declarações, pela primeira vez, durante o seu julgamento, que decorre desde há cerca de meio ano, na Instância Central Criminal de Braga, explicando que “por causa da injustiça” das condenações, especialmente num dos processos, sentiu que “tinha de vir denunciar publicamente a situação”. Recorreu, então, à sua página de Facebook, intitulada “Hibrahim Carolus”, onde proferia ameaças à juíza Alda Sá Faustino e ainda aos dois procuradores da República de Vila Verde, Ana Isabel Peixoto e Nuno Filipe Ferreira.
Carlos Pereira Lima assumiu os “excessos de linguagem” e voltou a pedir “desculpa”, só que o facto de se mostrar “arrependido daquilo que foi crime”, não convenceu os juízes e por isso insistiram com o arguido se estava realmente arrependido e não o voltaria a fazer.
O militar da GNR de Vila Verde, atualmente suspenso e em prisão domiciliária, com uma pulseira eletrónica, continua a evidenciar dificuldade em ultrapassar as circunstâncias de ambas as condenações, no Tribunal de Vila Verde, que passou a frequentar assiduamente, pedindo mesmo “justificações” à juíza Alda Sá Faustino, a quem é acusado por chamar “incompetente”, bem como “otários”, aos procuradores da República, Ana Isabel Peixoto e Nuno Filipe Ferreira, nas imediações do Palácio da Justiça de Vila Verde, onde passou a assistir a julgamentos com os quais nada tinha a ver, mas onde intervinham tais magistrados.