Um autogolo de Ygor Nogueira abriu este sábado caminho à vitória do Benfica na receção ao Gil Vicente, que o ‘artilheiro’ Pizzi fixou em 2-0, em jogo da quinta jornada da I Liga portuguesa de futebol.
O triunfo coloca o Benfica isolado no segundo lugar, com 12 pontos, menos um do que o líder Famalicão, que hoje venceu o Paços de Ferreira por 4-2, mas com mais um jogo do que o FC Porto, terceiro colocado, com nove, que defronta no domingo o Portimonense.
A dupla atacante composta por Seferovic e Raul de Tomás voltou a ficar em ‘branco’, numa noite em que o marroquino Taarabt esteve em clara evidência nas transições defesa-ataque, nas quais procurou encontrar espaços para situações de golo.
O Benfica surpreendeu, ao colocar no ‘onze’ o sérvio Fejsa, quando o esperado seria que o grego Samaris mantivesse a titularidade. Do lado do Gil Vicente, destacaram-se as estreias absolutas de Fernando Fonseca, Ygor Nogueira e Yves Baraye.
Embora o resultado indique o contrário, os ‘encarnados’ sentiram dificuldades para se superiorizarem aos gilistas, porque a equipa de Barcelos ocupou bem os espaços no meio-campo e só Taarabt, o melhor elemento em jogo, disfarçou o desacerto do Benfica, que viu aos 10 minutos Pizzi permitir a defesa de Denis na marcação de uma grande penalidade.
O guarda-redes da equipa visitante voltou a negar o golo ao médio do Benfica aos 40 minutos.
A equipa treinada por Vítor Oliveira tinha o plano de jogo bem estudado, mas não estava à espera que, aos 45 minutos, Ygor Nogueira, que tinha cometido a grande penalidade sobre Pizzi, traísse Denis, depois de uma jogada iniciada por Taarabt.
O médio desmarcou André Almeida, na direita, tendo o defesa lateral cruzado para servir Raul de Tomás, mas o central brasileiro antecipou-se e encaminhou a bola para a própria baliza.
A saída de Lino para a entrada de Romário Baldé, no início da segunda parte, visava trazer maior mobilidade ao Gil Vicente na direita e impedir as subidas de Grimaldo, mas foi Kraev que teve nos pés a oportunidade de igualar o encontro, atirando por cima, já em frente de Vlachodimos.
Na resposta, Pizzi, após assistência de André Almeida, rematou ao lado, mas, aos 53 minutos, redimiu-se da grande penalidade falhada, com uma finalização de primeira, com o pé esquerdo, na sequência de um pontapé de canto, somando o oitavo golo da conta pessoal esta temporada, o sexto na I Liga.
A perder por 2-0, o Gil Vicente desperdiçou uma oportunidade soberana para fazer um golo no Estádio da Luz: Kraev, aos 70 minutos, voltou a falhar duas ocasiões flagrantes na mesma jogada, não conseguindo levar a melhor sobre Vlachodimos e, na recarga, atirando ao lado.
Aos 88 minutos, o Gil Vicente ainda conseguiu introduzir a bola na baliza do Benfica, mas Sandro Lima estava em posição irregular e o lance foi invalidado.
Declarações dos Treinadores
Bruno Lage (Treinador do Benfica): “[Utilização de Fejsa] São situações que acontecem no fecho do mercado. A partir do momento em que fecha temos de contar com os que cá ficam. Os jogadores dão sinais que querem continuar. Continuamos a acreditar que continuará a dar aquilo que deu ao longo dos anos na equipa.
Em relação a Pizzi não estou surpreendido. Para além da qualidade individual é um jogador que aparece muitas vezes em situações de golo. Hoje, ele sentiu que a bola iria cair ali e fazer o golo. Em relação aos dois avançados, Raul de Tomas estava em posição para marcar e surgiu um golo na própria baliza.
Este tipo de jogos são aqueles que fazem as equipas campeãs. É sempre muito difícil fazer a mudança depois de jogos internacionais. O que mais me preocupa são aqueles que não jogam. Ficam 12 ou 14 dias sem jogar. Por aquilo que tive a oportunidade de verificar, vencemos o nosso jogo, mas a nível internacional houve muitas equipas que perderam pontos.
Hoje, tivemos uma entrada muito forte com uma tentativa de Ferro outra de Pizzi. Este Gil Vicente fechou o jogo interior e a nossa estratégia passava por ir à largura, pelas laterais, para atrair jogadores no corredor. O nosso primeiro golo foi assim. Trabalhámos até à exaustão esses movimentos.
Chegámos a vencer ao intervalo com mérito. Na segunda parte pretendia que a equipa fosse mais consistente. Depois do 2-0 senti que a equipa tinha o jogo na mão. Neste tipo de jogos temos de entender que temos de vencer.
Dá-me gosto que os adeptos apõem a equipa. Taarabt está determinado em refazer a sua carreira. Foi à seleção e regressou como capitão de equipa.
Raul de Tomas tem de ter essa ansiedade de querer marcar um golo. Imagina a oportunidade de ter um golo, em que era só encostar, e aparece um adversário a marcar. É natural que ficasse insatisfeito”.
Vítor Oliveira (Treinador do Gil Vicente): “Defensivamente estivemos bem. Fomos uma equipa sempre bem organizada. Cometemos duas falhas. A primeira que deu origem à grande penalidade. Denis fez uma excelente defesa e depois outra [Pizzi, aos 40 minutos] que Denis conseguiu resolver. E pouco mais o Benfica fez na primeira parte. Sofremos aquele golo num lance que estávamos alertados. O 1-0 foi um tónico muito forte para o Benfica.
Na segunda parte tentámos entrar com maior velocidade com a entrada de Romário Baldé. Não funcionou.
Todas as equipas que participam nas competições europeias ficam com a atenção dividida. Mas isso não funcionou.
Tivemos três oportunidades muito boas. Não conseguimos concretizar nenhuma delas. Foi nítido azar e também mérito do guarda-redes [Vlachodimos]. Jogámos sem medo. Conseguimos bloquear o caudal ofensivo do Benfica. Tivemos algum medo nas saídas para o ataque.
Os jogadores foram empenhados, trabalharam bem. Têm qualidade mais do que suficiente para jogar na I Liga. Temos confiança nestes jogadores. Iremos ser mais fortes com outras equipas. Fazer a estreia na Luz não é a melhor situação. Muitos destes jogadores não conheciam a realidade do futebol português.
O Benfica é sempre difícil de travar porque funciona muito bem coletivamente. Hoje, teve alguma dificuldade, nomeadamente na primeira parte, no jogo interior do Benfica pelo Pizzi e Rafa. Conseguimos pará-los. Em termos de referências individuais tem um jogador que tem subido de rendimento que é o Taarabt. Hoje, foi um jogador muito importante na vitória do Benfica.
Sou muito crítico na não utilização dos jogadores emprestados [Alex Pinto, titular do Gil Vicente, não jogou hoje por estar cedido pelo Benfica]. Ou os jogadores são sérios ou não são. Esta é uma determinação estúpida. É preciso perceber bem esta situação. Como estas, há muitas no futebol português, em que somos ricos a descobrir situações duvidosas”.
Ficha de Jogo
Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Gil Vicente, 2-0.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores:
1-0, Ygor Nogueira, 45 minutos (própria baliza).
2-0, Pizzi, 53.
Equipas:
– Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Fejsa, Taarabt, Pizzi, Rafa (Caio Lucas, 71), Raúl de Tomás (Jota, 77) e Seferovic.
(Suplentes: Zlobin, Jardel, Tomás Tavares, Samaris, Cervi, Caio Lucas e Jota).
Treinador: Bruno Lage.
– Gil Vicente: Denis, Fernando Fonseca, Rodrigo, Ygor Nogueira, Rúben Fernandes, Soares, João Afonso (Leonardo, 82), Kraev, Lino (Romário Baldé, 46), Baraye e Sandro Lima.
(Suplentes: Wellington Luís, Arthur Henrique, Edwin Banguera, Leonardo, Ahmed Isaiah, Erick e Romário Baldé).
Treinador: Vítor Oliveira.
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Ygor Nogueira (30), Kraev (46), Soares (78), Baraye (80) e Jota (90).
Assistência: 54.706 espetadores.