Dois gigantones com mais de 100 quilos de peso cada são este ano o destaque do cortejo histórico-etnográfico das festas d’Agonia, dedicado àqueles bonecos de figura humana, revelou, esta quinta-feira, a organização.
O coordenador do cortejo, Gil Viana, adiantou que os gigantones, com cerca de 4,5 metros de altura, vão ser trazidos por duas associações da Bélgica e vão ser apresentados à cidade no cortejo de domingo, a partir das 16h00, carregados por 10 homens.
“Na maioria das romarias do Alto Minho surgem gigantones e cabeçudos. Este ano o que pretendemos no cortejo das festas de Viana é explicar como surgem na região”, afirmou o responsável, que integra a VianaFestas, entidade organizadora da romaria.
Com o tema “Gigantones e Cabeçudos”, o cortejo histórico-etnográfico vai percorrer as principais artérias da cidade, num percurso de mais de três quilómetros, integrando um total de 28 gigantones e 29 cabeçudos, de todo o tipo, que retratam figuras míticas ou santos.
Os gigantones são figuras humanas de grandes dimensões suportadas por uma estrutura com a forma de um corpo e onde o homem que o manuseia se introduz, carregando o boneco apoiado nos seus ombros. Os movimentos são dificultados pelo peso e pelo desequilíbrio, mas procuram andar ao som do ritmo da festa.
São acompanhados por cabeçudos, rapazes vestidos de forma desleixada, nos quais sobressai a enorme cabeça.
No total, o desfile de domingo vai integrar cerca de 120 quadros temáticos, mais de 30 carros alegóricos e “entre 2.500 a 3.000 figurantes”.
O antropólogo de 37 anos explicou que o objetivo é abordar um pouco da história destes gigantes, cuja presença passa pela Pré-História, pela cultura celta, resultando da “existência” de seres sobrenaturais que habitavam as zonas mais recônditas ou ainda pela inspiração das tradicionais festas do Corpo de Deus e do combate com o dragão, ele próprio uma figura mítica.
Gil Viana, que pela primeira vez é responsável pela organização e coordenação deste número emblemático das festas da Senhora d’Agonia, adiantou que o modelo que deu origem às atuais figuras da festa minhota “terão chegado a Viana do Castelo após a visita, em finais do século XIX, de um vereador da Câmara de então, Luís Valença, às festas de Santiago de Compostela, na Galiza, Espanha”.
Mais tarde, no século seguinte, o trabalho de adaptação posterior dos mestres locais Maria Taipeira de Darque e Levinho da Meadela deram um novo corpo aos gigantones e cabeçudos de Viana do Castelo.
Segundo os historiadores locais, estas figuras resultaram da evolução das tradições pagãs europeias, como as utilizadas pela Bélgica, França e Espanha, passando por Portugal, que representam figuras locais, bíblicas ou mitológicas nas diversas festas populares.
Gil Viana, cuja tese de mestrado foi sobre o traje à vianesa e que desde os quatro anos desfila e participa nas festas da cidade, explicou que na parte etnográfica o cortejo vai ser dedicado aos romeiros e às romarias.
“Aborda toda a história, desde o peditório para as festas, quando se começa a festa, até chegar ao dia da romaria, com todos os trajes e tradições do concelho”, disse.
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