O cadáver de um cachalote (Physeter macrocephalus), que é por entre os animais o que tem o maior cérebro no nosso planeta, deu à costa na praia do Cabedelo, em Viana do Castelo, durante o fim-de-semana, levando à intervenção das forças de proteção civil municipal e da capitania marítima durante todo o sábado.
O cetáceo encontrava-se em avançado estado de decomposição, aparentando ter morrido já há algumas semanas, mas ainda se percebia o comprimento do seu corpo, cerca de nove metros, o que corresponde a cerca de 20 toneladas de peso, em média, para este tipo de animal.
Ao que apurou O MINHO junto de fontes municipais e da autoridade marítima, o cadáver foi avistado na sexta-feira à noite por populares, mas o alerta só foi dado no sábado de manhã, via Polícia Marítima, para os Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo, que têm a seu cargo a remoção das espécies marinhas mortas que acabam nas praias.
Dadas as dimensões do cachalote, animal cujo o dente pesa um quilo e o cérebro quase 10, a remoção e incineração seria bastante complicada, pelo que foi adotado uma posição consensual neste tipo de situação – enterrar o cadáver na praia.


Na Escócia, onde arrojam centenas de cachalotes todos os anos, é essa a prática comum para os exemplares adultos.
No mesmo local onde arrojou, foi então escavado um buraco com mais de seis metros de profundidade, com recurso a máquina retroescavadora, onde ficou enterrado o cetáceo, aquele que mais profundo consegue mergulhar no oceano – cerca de um quilómetro de profundidade.
Em Portugal, este animal ocorre com maior intensidade nos Açores, não havendo registos habituais do arrojamento de exemplares semelhantes no continente, embora possam surgir de vez em quando, como foi o caso.


Dada a sua dimensão, alimenta-se de animais marinhos que são habitualmente predadores e de grande porte, como tubarões, polvos, chocos ou lulas, para além de peixes, caranguejos, lagostas e raias.

Com tons castanhos ou cinzentos e zonas brancas nos lábios, só tem dentes na zona inferior da boca, mas cada um pode chegar a pesar um quilo e o maior já registado media 27 centímetros.
Nos anos 1960, a espécie sofreu uma grande redução por causa da pesca, estimando-se que foram pescados mais de dois milhões de cachalotes ao longo de 100 anos de pesca legal. O último cachalote pescado em Portugal foi registado na década de 1980, nos Açores.