Foram hoje realizados os primeiros testes das comportas da barragem hidroelétrica de Daivões, no rio Tâmega, levados a cabo pela empresa Iberdrola, concessionária do empreendimento. Os descarregadores de cheias da barragem abriram esta quarta-feira à tarde, depois das 16:00 horas, de acordo com uma nota divulgada pela energética espanhola.
Ao que O MINHO apurou, estes testes realizados foram compostos pela abertura integral de cada uma das quatro comportas existentes nos descarregadores. Foram abertas individualmente, num espaço de 15 minutos entre si.
Considerada uma das maiores iniciativas da história de Portugal no setor da energia hidroelétrica, representando mais de 50% do objetivo do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, é também um dos mais ambiciosos a nível europeu.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega, complexo formado por três barragens e três centrais hidroelétricas (Alto Tâmega, Daivões e Gouvães), vai produzir energia ‘verde’ suficiente para abastecer cerca de 400 mil famílias, o “equivalente às populações de Braga e Guimarães”, os dois concelhos mais populosos do Minho.
A energia, que será vendida para a Rede Energética Nacional (e espalhada por todo o país), se ficasse concentrada nesses dois concelhos, seria suficiente para os abastecer ao longo de todo o ano.
Esta comparação surgiu a propósito do anúncio de ligação à rede do primeiro grupo dessa central hidroelétrica, em fevereiro deste ano, que consagra uma turbina de bombagem com 220 MW de capacidade.
“gigabateria do Tâmega”, como é apelidada, terá capacidade de 1.158 MW que entrarão em operação progressivamente até 2024, explicou o responsável.
Este complexo deverá produzir 1.766 GWh por ano, “o suficiente para atender às necessidades energéticas dos municípios vizinhos e das cidades de Braga e Guimarães (440.000 residências)”. O contrato com o Governo, ganho em concurso público internacional, é de 70 anos.
A central de Gouvães será reversível, ou seja, permitirá o armazenamento de água da albufeira de Daivões (que abrange uma parcela de terreno em Cabeceiras de Basto) na albufeira de Gouvães, aproveitando os mais de 650 metros de diferença de altura, pode ler-se no projeto da hidroelétrica, consultado por O MINHO.
Esta bombagem poderá ser feita quando houver um excesso na produção de energia, permitindo recuperá-la, armazenada na forma de água, quando for mais necessária.
O grupo já ligado encontra-se, porém, ainda em fase de testes, pelo que ainda não está a vender energia para a rede. Logo, por esse motivo, estas barragens não estão incluídas no plano de mitigação da seca elaborado pelo Governo, onde foi reduzida a produção devido ao baixo nível de água em muitas albufeiras do país, entre as quais a do Alto Lindoso e de Touvedo, em Ponte da Barca.
O investimento total da obra é de 1.500 milhões de euros e pretende aumentar em 6% a potência instalada em Portugal. A capacidade de armazenamento em Gouvães irá permitir, se necessário, o abastecimento contínuo de energia elétrica da área metropolitana do Porto durante 24 horas. As obras ficarão concluídas até 2023.
De acordo com as especificidades do projeto, esta “gigabateria” vai evitar a importação de mais de 160 mil toneladas de petróleo por ano e a emissão de 1.2 milhões de toneladas de CO2, também a nível anual.
Direta e indiretamente, criou 13.500 empregos, durante a construção das barragens, desde 2014, privilegiando a contratação de empresas locais e nacionais.