É uma inauguração há muito esperada, mas a obra ainda não está completa. A ‘gigabateria’ do Tâmega, que compreende três centrais hidroelétricas e três barragens, começou a ser construída há oito anos, e duas das centrais vão entrar em funcionamento já neste mês de julho, depois de quase seis meses de testes. A terceira fonte de energia entrará em funcionamento apenas em 2024.
A confirmação foi dada a O MINHO por fonte oficial da Iberdrola, empresa a cargo da construção e exploração desta nova fonte de energia que irá produzir o equivalente para abastecer as cidades de Braga e de Guimarães, as duas mais populosas a Norte do Porto.
A mesma fonte confidenciou que a inauguração das centrais de Gouvães e Daivões já tem data – 18 de julho – e contará com a presença do primeiro-ministro António Costa, que fez questão de presenciar um passo importante para a autosuficiência de Portugal a nível energético. Também o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, estará na inauguração.
No total, estas duas unidades vão produzir com uma potência total instalada de 998 megawatts, reforçando assim o sistema elétrico nacional. Apesar de esta energia poder abastecer as duas cidades minhotas, a mesma será distribuída na rede a nível nacional, podendo tanto abastecer uma casa em São Vicente, Braga, como numa aldeia remota no Alentejo profundo.
Já a terceira central estará a operar em 2024, referiu a fonte, com uma produção equivalente a 160 MW, passando assim o sistema eletroprodutor, no seu total, a injetar anualmente 1.766 gigawatts por hora no sistema nacional, abastecendo cerca de 450 mil lares.
Uma das maiores iniciativas da história de Portugal no setor da energia
É considerada uma das maiores iniciativas da história de Portugal no setor da energia hidroelétrica, representando mais de 50% do objetivo do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, e um dos mais ambiciosos a nível europeu.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega, complexo formado por três barragens e três centrais hidroelétricas (Alto Tâmega, Daivões e Gouvães), vai produzir energia ‘verde’ suficiente para abastecer cerca de 400 mil famílias, o “equivalente às populações de Braga e Guimarães”, os dois concelhos mais populosos do Minho.
A energia, que será vendida para a Rede Energética Nacional (e espalhada por todo o país), se ficasse concentrada nesses dois concelhos, seria suficiente para os abastecer ao longo de todo o ano.
O contrato com o Governo, ganho em concurso público internacional, é de 70 anos.
A central de Gouvães será reversível, ou seja, permitirá o armazenamento de água da albufeira de Daivões (que abrange uma parcela de terreno em Cabeceiras de Basto) na albufeira de Gouvães, aproveitando os mais de 650 metros de diferença de altura, pode ler-se no projeto da hidroelétrica, consultado por O MINHO.
Esta bombagem poderá ser feita quando houver um excesso na produção de energia, permitindo recuperá-la, armazenada na forma de água, quando for mais necessária.
O investimento total da obra é de 1.500 milhões de euros e pretende aumentar em 6% a potência instalada em Portugal. A capacidade de armazenamento em Gouvães irá permitir, se necessário, o abastecimento contínuo de energia elétrica da área metropolitana do Porto durante 24 horas.
De acordo com as especificidades do projeto, esta “gigabateria” vai evitar a importação de mais de 160 mil toneladas de petróleo por ano e a emissão de 1.2 milhões de toneladas de CO2, também a nível anual.
Direta e indiretamente, criou 13.500 empregos, durante a construção das barragens, desde 2014, privilegiando a contratação de empresas locais e nacionais.
Em declarações ao Dinheiro Vivo, a Iberdrola assegurou que o período de seca que afeta Portugal não provocará efeitos negativos no arranque das centrais, uma vez que ambas albufeiras (Daivões e Gouvães) estão com os níveis de água normais.