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O PCP vai interpelar a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, acerca das características das obras e das implicações paisagísticas que estavam previstas começar ontem, quinta-feira, na Cascata da Fecha Barjas, popularmente conhecida como “Cascata do Tahiti”, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, em Terras de Bouro.
Segundo o presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, as obras começariam ontem, mas hoje ainda não tinham arrancando, sendo que o espaço envolvente não está vedado e nem existem vestígios para a montagem de estaleiros.
O deputado comunista Alfredo Maia esteve, esta sexta-feira, no local para constatar que tipo de obras serão feitas na chamada “Cascata do Tahiti” e aferir da legalidade da intervenção.

Alfredo Maia, que além de deputado na Assembleia da República, é especialista em questões ambientais, encabeçou durante esta sexta-feira uma visita da Direção da Organização Regional de Braga (DORB), do PCP, incluindo Belmiro Magalhães, responsável da DORB e membro da Comissão Política do Comité Central do PCP. para analisar toda a situação.
A DORB do PCP reclama medidas que conjuguem o reforço da proteção dos visitantes e simultaneamente de preservação ambiental e das particularidades que caracterizam esta área sobre a Cascata de Várzeas.
“As medidas a considerar devem acautelar o respeito pelas normas vigentes e o indispensável envolvimento de todas as entidades públicas com competências para tal, incluindo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e a Agência Portuguesa do Ambiente”, acrescenta a direção de Braga do PCP.
O MINHO tentou obter uma reação do presidente da Câmara de Terras de Bouro, mas sem sucesso até ao momento.
FAPAS também marcou presença
O biólogo e presidente da FAPAS classifica como “pesadíssima”, do ponto de vista paisagístico, o conjunto de intervenções, que “vão artificializar um dos troços da paisagem mais valiosos do Parque Nacional Peneda-Gerês”, estando contra estas obras.

“Isto é brincar com o único parque nacional português, tudo isto é inacreditável”, critica Nuno Oliveira Gomes, preconizando que em alternativa “a solução no local deveria passar sempre por mais sinalização, gradeamento e fiscalização”.
Câmara alega acidentes nas cascatas
As obras de intervenção profunda para a cascata pretendem proporcionar mais segurança visando a visitação, segundo afirma o presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Manuel Tibo, justificando-as dado o elevado número das ocorrências.
De acordo com a autarquia geresiana, nos últimos dez anos houve 80 acidentes com utilizadores das cascatas, não só do Tahiti, como noutras principais cascatas de Terras de Bouro, designadamente do Arado, da Portela do Homem e também da Rajada.
A profunda intervenção prevista para este local protegido do único parque nacional português não é aceite por todas as partes, tendo a Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS) emitido um comunicado contra aquelas obras.
Em resposta, Manuel Tibo afirmou que “quem manda em Terras de Bouro são os terrabourenses” e que “muito antes de existir a FAPAS já os terrabourenses sabiam cuidar do nosso território”, reiterando que após as obras “ficará mais seguro e melhor”.
ICNF deu parecer favorável condicionado
O Conselho Diretivo do ICNF esclarece “ter emitido parecer favorável condicionado à proposta de intervenção apresentada pela Câmara Municipal de Terras do Bouro, sujeitando ao cumprimento de um conjunto de requisitos que visam a minimização do impacto causado pela intervenção”, mas não especificando quais são esses requisitos.
“A proposta de intervenção permitirá o ordenamento e a melhoria das condições de visitação à Cascata de Barjas [nome da mais conhecida Cascata do Tahiti, em Ermida, Vilar da Veiga, Terras de Bouro], minimizando o impacte da presença humana sobre os valores naturais existentes, bem como eventuais riscos associados à utilização de uma área de afloramentos rochosos, ao mesmo tempo que contribuirá para melhorar as condições de resgate e socorro em caso de acidente”, refere o ICNF.
Chega defende as obras
“Naturalmente que somos a favor desta intervenção e inclusivamente entendemos que já devia ter começado há mais tempo, para garantir segurança aos turistas e locais que aproveitam os meses de verão para conhecer este espaço”, referiu Filipe Melo.