O vereador com o pelouro do Planeamento e Gestão Urbanística da câmara de Viana do Castelo afirmou, hoje, estar garantida a proteção do troço de muralha medieval encontrada durante os trabalhos de readaptação de um hotel centenário em apartamentos.
Em declarações, à agência Lusa, Luís Nobre explicou que a solução encontrada pelo promotor do novo empreendimento habitacional “foi validada pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), permitindo o reinício dos trabalhos”, parados desde outubro 2018.
“O achado que vai ser encerrado, com recurso a uma manta geotêxtil e camadas de areia e brita, não só para o proteger, mas também para sinalizar a existência, naquele local, de um elemento importante, em caso de futura intervenção”, especificou, Luís Nobre
Além daquela solução, o vereador do planeamento e da gestão urbanística da câmara da capital do Alto Minho referiu que a DRCN realizou o “registo cartográfico e fotográfico de todo o achado”, adiantando existir intenção, por parte da DRCN, de “dar visibilidade, em termos de uma futura publicação” sobre aquele achado, em que “o município está interessado em colaborar como forma valorização e divulgação do seu património”.
Segundo Luís Nobre, o promotor está autorizado, desde quarta-feira, a retomar a construção do empreendimento, licenciado pelo executivo municipal.
O responsável explicou que o troço de muralha medieval foi encontrado “aquando do início das obras”, em outubro de 2018.
“A descoberta obrigou a toda uma reinterpretação do projeto, tendo a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) exigido um aditamento para que o promotor apontasse a solução que permitisse salvaguardar todo o interesse patrimonial”, disse.
Em causa está a intervenção de reabilitação e de refuncionalização do hotel Aliança, situado em pleno centro histórico da cidade de Viana do Castelo, em empreendimento de habitacional de luxo.
A história deste imóvel remonta a 1798, então denominado de Hotel Águia de Ouro. Em 1907 passou a designar-se como Hotel Aliança, sendo na altura do seu encerramento, em 2011 e com a mesma designação, o mais antigo em funcionamento na cidade. Tinha então 22 quartos e 44 camas, ostentando a classificação de duas estrelas.
Contactado pela agência Lusa, fonte da sociedade Aliança Rio, promotora do empreendimento de apartamentos de luxo, adiantou que “as obras deverão ser retomadas em março, estando prevista a sua conclusão do em março de 2020”.
A mesma fonte não especificou o montante do investimento, “totalmente privado” adiantando tratar-se de um “montante bastante significativo”.
O novo empreendimento terá 11 apartamentos, entre T1 a T3, “luxuosos”, que “já se encontram quase todos vendidos” e uma área comercial.
Já em março de 2015, no decurso de obras de requalificação de algumas ruas do centro histórico, a cargo da autarquia, foi descoberto outro troço da muralha medieval.
A descoberta foi feita pelo gabinete de arqueologia da Câmara Municipal que foi “chamado a intervir de forma a cumprir as condicionantes impostas pela DRCN (Direção Regional da Cultura do Norte), junto à Travessa da Vitória, em pleno centro histórico da cidade”.
Na altura, “a estrutura posta a descoberto tinha cerca de 2.50 metros de espessura, tendo sido empregue na sua construção silhares graníticos de grande dimensão, nas faces, sendo o interior do muro composto por pedra não aparelhada, de vário porte, e por argamassa de barro”.
De acordo com a informação que consta no sítio da Câmara de Viana do castelo na Internet, “inicialmente construída com quatro portas, no final do século XV foi aberta uma quinta porta com o objetivo de possibilitar o acesso ao interior do burgo a partir do cais da Vitória- a porta de São Brás, mais tarde chamada da Vitória após a construção da Capela de Nossa Senhora da Vitória”.
“Os trabalhos arqueológicos que decorreram na Travessa da Vitória, no local onde terá sido aberta esta porta, permitiram identificar parte do troço da muralha medieval”, adianta.