Declarações dos treinadores após o jogo SC Braga – Benfica (3-2), da 28.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Braga:
Carlos Carvalhal (treinador do SC Braga): “Foi uma vitória estoica da nossa equipa. Os meus jogadores foram bravos. Houve muita gente jovem a entrar. Os jogadores mais experientes foram importantíssimos para ajudarem os mais jovens. Os jogadores interpretaram bem o plano de jogo, que passava por condicionar a saída de bola do Benfica.
Sabíamos que os momentos de transição eram muito importantes, quer ofensiva, quer defensiva. Nesses lances, o Iuri [Medeiros] teve uma bola em que apareceu isolado. Conseguimos fazer um golo à terceira tentativa, e ao intervalo justificava-se a nossa vitória.
Na segunda parte, houve uma reação do Benfica, mas continuámos com níveis de coesão muito grandes. Continuámos a espreitar os momentos de transição e, numa jogada brilhante do Ricardo Horta, a dar a bola ao irmão, ao André [Horta], fazemos o segundo golo. O Benfica mete mais jogadores na frente, no limite do desequilíbrio, e consegue o 2-1 de forma fortuita. Continua a lutar e faz o 2-2.
Nesse momento muito importante, se a nossa equipa se acobarda e recua, pode sofrer o terceiro golo. Por isso, fizemos o contrário: começámos a colocar mais jogadores na frente, e o Benfica já estava descompensado na altura. Essa descompensação foi importante para nós, porque aproveitámos para fazer o 3-2, num lance com um grande passe do Al Musrati. Não vou dizer se o resultado é justo ou injusto, mas é o que fica. São três pontos. Ganhar, em dois anos, quatro vezes [ao Benfica] é absolutamente fantástico.
O Abel Ruiz movimenta-se muito bem entre linhas, pois joga em apoio e em profundidade [para justificar a titularidade, em vez da de Vítor Oliveira, autor do golo do triunfo]. Ao intervalo, o Abel sai porque tem cartão amarelo, e não tivemos dúvidas em meter o Vítor [Oliveira]. Ele é muito mais do que um ‘poço’ de força. Joga muito bem em apoio, é muito forte a atacar o espaço e é um jogador não excelente, mas bom do ponto de vista técnico. É extremamente incómodo para os defesas e tem muito golo. Se não se deslumbrar, pode perfeitamente chegar à seleção nacional [portuguesa].
[A aposta na formação] Começa a ‘colher’ agora os frutos, com o Moura, o Rodrigo Gomes, o Vitinha. Isso vai levar a que o Sporting de Braga adquira uma base muito importante. Quando os direitos televisivos forem distribuídos de forma diferente, o Sporting de Braga, com esta base, poderá lutar pelo título.
Foi uma noite ‘à Braga’. A questão do Berna [Bernardo Couto estrear-se pela equipa principal] toca-me. Eu prometi que o ia estrear neste ano, porque ele é bracarense dos ‘sete costados’. Se pudesse, ia para a bancada apoiar à equipa”.
Nelson Veríssimo (treinador do Benfica): “Estivemos muito mal neste jogo. Não entrámos com capacidade de ter bola. Sabíamos que seria um jogo difícil. O Braga é uma equipa que gosta de ter bola. O objetivo passava por tirar a nossa iniciativa ao nosso adversário, mantendo a posse de bola. Raramente o conseguimos. Enquanto equipa, e estou a incluir-me nesse lote, não estivemos ao nível que a equipa do Benfica tem de estar num jogo da I Liga.
Sofremos na primeira parte. Após retificações [ao intervalo], o objetivo era fazer o golo que anulasse a desvantagem nos primeiros 10 a 15 minutos da segunda parte, mas sofremos o segundo golo. Dou mérito à equipa pela forma como conseguiu reduzir a desvantagem e empatar o jogo, mas acabámos por sofrer num momento em que poderíamos ter aproveitado o élan [para a recuperação]. Sofremos um golo de bola parada. Mas o que fica é o mau jogo que fizemos. Tenso de refletir. Na terça-feira, temos um jogo importante contra uma equipa competitiva.
Podemos encontrar justificações para o que aconteceu, mas, mais do que dar mérito ao que o Braga conseguiu fazer, temos demérito naquilo que não fizemos. Sabemos a equipa que temos, a equipa que estamos a construir e não estivemos ao nível que temos estado.
No nosso processo defensivo, tentámos pressionar de forma diferente, com mais jogadores na primeira linha de pressão, com o Roman [Yaremchuk] e com os dois alas. Queríamos pressionar mais à frente para podermos sair com ligação de jogo. Em muitos momentos, isso foi conseguido. Mas não estivemos tão bem ao recuperarmos a bola e ao perdê-la [logo a seguir]. Não concordo que isso tenha acontecido nos jogos anteriores, mas hoje tivemos dificuldade na ligação do nosso jogo ofensivo. Defensivamente, tivemos uma equipa mais subida e agressiva para ganhar bolas mais à frente, mas há aspetos a melhorar.
Temos a consciência do jogo que fizemos. Poderíamos ter feito muito mais. O sentimento é de frustração, tendo em conta a resposta que não demos. A resposta é para ser dada no próximo jogo. Sabemos que vamos jogar com o Liverpool [na terça-feira, para a Liga dos Campeões], mas vamos preparar-nos da melhor forma possível.
O segundo classificado ainda não jogou, mas, se [o Sporting] ganhar, o objetivo do segundo lugar fica mais difícil. Independentemente disso, temos de dar uma resposta como equipa, seja contra o Liverpool [na terça-feira], contra o Belenenses SAD, contra o Liverpool, outra vez, ou contra o Sporting.
Sabemos que um jogo da Liga dos Campeões tem um ambiente e um contexto diferente. Não podemos esquecer o jogo de hoje. Vamos ter necessidade de corrigir algumas situações no nosso jogo ofensivo e defensivo”.