O secretário-geral do Eixo Atlântico comparou a suspensão pela TAP de suspender quatro voos com partida do Porto para Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma, com as consequências da subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
“Na TAP era uma situação que já se adivinhava face à máfia de privatização do anterior Governo. O caso dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) corresponde à mesma lógica, suspeita, de favorecimento do lucro privado”, afirmou esta terça-feira o secretário-geral daquela associação transfronteiriça, Xoan Mao.
O responsável adiantou que “nos dois casos não foi aplicado o conceito europeu de parceria público-privada” e adiantou que a suspensão das quatro rotas da TAP cuja maioria do capital deverá regressar às mãos do Estado, com efeitos a partir de 27 de março, “é negativa para a eurorregião”.
“O que queremos é que os aeroportos garantam ao Norte de Portugal e Galiza portas de entrada e saída que promovam o desenvolvimento económico da eurorregião. Tudo o que fragilize os aeroportos não é bom. Tudo que represente a redução de voos não é bom”, sustentou.
Xoan Mao adiantou que “nos últimos meses tem sido notória a diminuição da qualidade do serviço prestado pela companhia aérea, com frequentes cancelamentos de voos em cima da hora”.
Apontou como exemplo uma viagem que tinha marcado na TAP, com destino a Bruxelas e que foi cancelada “dois dias antes do voo”.
“Devolveram-me o dinheiro da passagem que tinha marcado com antecedência mas depois tive que comprar novo bilhete noutra transportadora, muito mais caro porque foi comprado na hora”, explicou
“Como voltarei a comprar bilhetes na TAP? Não me dá garantias de que o voo não seja cancelado em cima da hora”, frisou.
A TAP anunciou na segunda-feira que vai suspender a partir do domingo de Páscoa quatro voos do Porto e outros cinco de Lisboa com ligação a diferentes cidades europeias, que classificou como “rotas deficitárias”.
Na sua página oficial na rede social Facebook, a transportadora aérea informou suspender os voos entre o Porto e Barcelona (Espanha), Bruxelas (Bélgica), Milão e Roma (Itália) e entre Lisboa e Gotemburgo (Suécia), Hannover (Alemanha), Zagreb (Croácia), Budapeste (Hungria) e Bucareste (Roménia).
A empresa justificou que a suspensão foi tomada “no âmbito da otimização da sua operação de forma a melhorar a rentabilidade da companhia”, uma vez que estas nove rotas são deficitárias.
Fonte da transportadora aérea já tinha confirmado na segunda-feira que a rota Lisboa-Bogotá-Panamá-Lisboa será suspensa bem como a ligação a Manaus (Lisboa-Manaus-Belém-Lisboa), que contará com “ligações otimizadas” asseguradas pela companhia Azul, de David Neeleman, acionista da TAP.
Estas ligações serão suspensas também a partir de 27 de março.
Na semana passada, David Neeleman prometeu para esta semana o anúncio de novos destinos da TAP, nomeadamente para os Estados Unidos da América.
Ainda assim, o presidente da TAP, Fernando Pinto, explicou, na altura, que a estratégia da companhia passa “muito mais por aumentar o número de frequências [do que o número de destinos]”.
“Precisamos cada vez mais de consolidar a nossa posição nos destinos fortes, porque assim o passageiro sabe que tem todos os dias aquele voo, a determinada hora”, disse o gestor na conferência de imprensa em que foi anunciado que a Portugália (PGA), a transportadora regional do grupo TAP, vai passar a chamar-se TAP Express, e até julho vai ter a frota totalmente renovada com 17 aviões.
Além disso, a transportadora vai duplicar as ligações diárias entre o Porto e Lisboa, estando a estudar com a ANA – Aeroportos de Portugal soluções para encurtar o tempo necessário para os procedimentos de embarque.