Um grupo de autarcas do Minho mostrou-se hoje recetivo à criação de um novo “espaço de encontro e concertação” entre “todos os intervenientes” da região que vá além da “convergência intuitiva” de forma a “potenciar e discutir” o território.
O repto para a criação daquele novo espaço foi lançado pelo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, na abertura de um debate sobe o mote “O Futuro do Minho”, realizado naquela cidade, no qual autarcas como José Maria Costa (Viana do Castelo), Paulo Cunha (Vila Nova de Famalicão), Domingos Bragança (Guimarães) e Miguel Costa Gomes (Barcelos) defenderam ainda a regionalização e criticaram o “centralismo exacerbado” do atual sistema.
“Seja a título formal ou informal, é necessário criar um espaço de encontro e concertação entre todos os intervenientes da região Minho, desde autarquias, universidades, organizações empresarias, para se concertar cada vez mais projetos conjuntos mas sobretudo potenciar a discussão sobre aquilo que são questões externas que mexem com o futuro da nossa região”, defendeu Ricardo Rio.
No mesmo sentido, o autarca de Viana do Castelo pegou na ideia do Quadrilátero Urbano – estrutura que agrega os municípios de Braga, Famalicão, Barcelos e Guimarães em projetos comuns – para defender a união das várias autarquias minhotas.
“A ideia do quadrilátero devia passar a pentágono ou mais. Ou seja, uma mesa de concertação do ponto de vista regional”, explicou José Maria Costa.
Para Paulo Cunha, “a inexistência de uma estrutura regional acaba por ser a razão para muitos dos problemas que as autarquias do Minho enfrentam” pelo que, embora reconhecendo a existência de uma “convergência intuitiva”, o autarca de Famalicão defendeu que “dificilmente se poderá fazer mais sem uma nova convenção” entre municípios.
Defensor da Regionalização, Paulo Cunha salientou que a criação de uma nova estrutura “não é uma atitude umbilical, bairrista” mas uma forma de alterar a forma como o Minho é visto pelo restante território nacional.
“Devemos pugnar pela alteração de paradigma concreto da relação do Minho com o Norte e com o resto do país”, disse.
Miguel Costa Gomes frisou o estado “demasiado centralista” e salientou a importância de “haver um grande debate” sobre a questão regional: “O problema está a montante com a gestão centralista que temos. Os autarcas têm feito um esforço enorme mas encontram sempre o mesmo entrave. No Quadrilátero, por exemplo, identificamos os problemas, soluções mas depois não há financiamento”, referiu.
O autarca de Guimarães deixou o desafio de se pensar questões como a mobilidade no quadro mais alargado do que cada município, nomeadamente um “comboio urbano” que ligue o Minho todo.
“É muito dinheiro? É. Mas é muito mais se nunca mais começarmos”, avisou.
Questionado sobre as dificuldades na criação de uma entidade agregadora de todos os municípios minhotos, Ricardo Rio relembrou o” fracasso” que foram a tentativa de criação da Área Metropolitana e da Assembleia de Municípios mas defendeu que “continua a existir esse espaço para a criação de uma plataforma de concertação entre todos os agentes do Minho”, mesmo que não seja feita de forma institucional.
“Se não existir nenhuma vinculação administrativa passará por nós próprios nos comprometermos para nos sentarmos regularmente à mesa, o que até pode dar-lhe mais mérito. Àquilo a que estamos obrigados, dificilmente podemos faltar, aquilo que vamos porque entendemos ser importante damos mais relevo”, disse.
“Essa predisposição existe”, garantiu.
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