O Tribunal de Braga prosseguiu, hoje, à porta fechada, um julgamento com 18 arguidos, acusados de traficarem drogas em Braga, Vila Verde, Amares e noutros concelhos minhotos.
Ontem, e ao que o MINHO apurou, o coletivo de juízes, ouviu três arguidos, dois dos quais confessaram, genericamente, os factos de que estão acusados, mas um deles não assumiu o tráfico.
O julgamento decorre à porta fechada, sem público e sem jornalistas, dada a atual “escassez de efetivos” no Comando da PSP de Braga. Esse facto levou, ontem, o Tribunal Judicial local a “excluir a publicidade” da audiência, ou seja, a vedar o acesso ao pavilhão desportivo de Maximinos, ao público e a jornalistas. “A publicidade colocaria em causa a segurança dos trabalhos e o seu decurso normal, uma vez que não seria possível garantir o número de polícias necessários”, diz o despacho do coletivo de juízes.
Para a escassez de agentes contribui o facto de “alguns estarem de férias e de o campeonato de futebol ter recomeçado, ontem, o que implica o envio quase diário de destacamentos policiais para evitar a aglomeração de adeptos e claques”.
Ao que o MINHO soube, a exclusão de publicidade deve aplicar-se, também, no julgamento, que recomeça, segunda-feira, dos dez arguidos acusados de assaltarem o banco Santander e várias vivendas no Minho.
Neste caso, os advogados de defesa deverão opor-se, posto que, em documento enviado anteriormente aos juízes, em que diziam não aceitar as audiências por videoconferência, reclamaram a sua publicidade, enquanto princípio do direito constitucional que não pode ser violado.
Acusação
A acusação diz que vendiam canábis (resina), heroína, cocaína e MDMA, para consumo ou revenda.
O Procurador concluiu que Gonçalo Martins, um dos principais arguidos, vendeu drogas entre 2014 e 2018, fazendo-o a partir de telefonemas com consumidores e revendedores. Para tal, usava linguagem codificada, com expressões como “tomar café, beber um fino, traz tabaco, e arranja peixe”.
Para além dos telemóveis, recorriam às redes sociais, entre as quais o Messenger, o Instagram, o WhatsApp, o Snapchat e o Telegram.
Em Braga, vendiam ao lado da loja De Borla, na zona dos bares da Sé, no largo dos Bombeiros Voluntários, junto aos bares da zona da UMinho, perto da pastelaria Bracarum, numa área erma de Montariol e na Cividade. Por vezes, as vendas eram feitas em autocarros entre Braga e Vila Verde.
A investigação foi feita pelo NIC (Núcleo de Investigação Criminal) da GNR da Póvoa de Lanhoso que procedeu a dezenas de escutas telefónicas, e a vigilâncias, com captação de imagens.
A GNR apreendeu quatro carros, telemóveis, tablets, computadores, drogas, dinheiro, munições e artefactos ligados ao tráfico. O MP quer que sejam declarados como perdidos a favor do Estado.
O processo conta com 161 testemunhas: 31 gnr’s, e 130 consumidores.