Fundos de investimento: o que são e quais as suas principais vantagens

“Os fundos de investimento apresentam-se (…) como uma importante via para a captação das poupanças dos investidores”

ARTIGO DE OPINIÃO

Paulo Leite

Professor Coordenador da Escola Superior de Gestão do IPCA. Doutorado em Ciências Empresariais pela Universidade do Minho

As alternativas de investimento com que um investidor se depara são, geralmente, três: os depósitos a prazo ou certificados de aforro, a compra de títulos nos mercados financeiros ou os fundos de investimento.

Optar por uma destas alternativas depende, obviamente, dos objetivos e perfil de cada investidor.

Os depósitos a prazo e os certificados de aforro são, muitas das vezes, a primeira solução de investimento, já que não apresentam riscos nem custos de transação, exigem montantes de investimento reduzidos e períodos de imobilização mínimos, podendo haver uma penalização dos juros por cada levantamento efetuado antes do prazo acordado inicialmente.

A aquisição direta de títulos nos mercados financeiros, sejam eles ações ou obrigações, constitui, sem dúvida, uma alternativa aliciante, mas, simultaneamente, mais arriscada. Apresenta rendibilidades potenciais elevadas e há uma grande flexibilidade em termos de prazos de aplicação, pois é o investidor que decide quando compra ou vende os títulos.

No entanto, o risco é elevado, os montantes mínimos de investimento também – particularmente se se pretender a constituição de uma carteira diversificada – e os custos associados são superiores.

A complexidade dos mercados financeiros tem vindo a aumentar o que exige, de uma forma cada vez mais premente, uma intervenção especializada.

Os fundos de investimento apresentam-se, assim, como uma importante via para a captação das poupanças dos investidores.

Um fundo de investimento é um instrumento financeiro através do qual as poupanças de várias entidades, individuais e coletivas, são geridas como um património único por uma entidade gestora constituída por especialistas em mercados financeiros.

Este património é dividido em unidades de participação que, no seu conjunto, representam, em qualquer momento, o valor do património global gerido.

Na grande maioria dos fundos disponíveis no mercado português, a cotação ou valor das unidades de participação é divulgada diariamente, o que permite um acompanhamento rigoroso e atempado do investimento efetuado.

A entidade gestora, composta por profissionais especializados e legalmente habilitados, está encarregue de gerir o património do fundo e a ela compete a tomada de decisão quanto aos investimentos a efetuar, necessariamente numa ótica de diversificação do risco e maximização da rendibilidade.

A política de investimento do fundo deve identificar o seu objetivo, a natureza dos valores em carteira e o seu nível de especialização, se existir, em termos, por exemplo, sectoriais ou geográficos.

Atualmente, investir exige cada vez mais conhecimentos, especialização e disponibilidade de tempo para acompanhar, em qualquer altura, a evolução dos mercados financeiros.

O facto de os fundos de investimento serem geridos por profissionais torna possível que as melhores oportunidades de investimento sejam aproveitadas também pelos pequenos investidores.

Mas, as vantagens de optar por estes produtos financeiros não se resumem a esta característica (gestão profissional).

Uma outra vantagem inerente ao investimento em fundos é o efeito de diversificação do risco, pois investem num conjunto alargado de ativos pertencentes a diferentes mercados, sectores e empresas, tornando a carteira menos sensível a desempenhos negativos por parte de alguns títulos, que poderão até ser compensados por desempenhos positivos de outros. 

Os fundos têm, também, associada uma elevada liquidez, já que, geralmente, não são necessários mais do que três dias úteis para efetuar a conversão das unidades de participação detidas em dinheiro, evidenciam menores custos de transação de ativos comparativamente aos investidores individuais, e uma acessibilidade facilitada, no sentido em que permitem a cada investidor o acesso a uma carteira diversificada por uma pequena fração do seu custo de aquisição.

Para além destas razões, o mercado dos fundos de investimento apresenta taxas de remuneração atrativas, que devem, no entanto, ser encaradas como meramente indicativas do comportamento passado do fundo em questão, e é regulamentado e supervisionado por entidades, designadamente a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que asseguram o cumprimento das normas legais em vigor e que garantem o fornecimento de informação de qualidade aos investidores. 

No entanto, se pretender investir nestes produtos financeiros terá de ter em atenção dois aspetos essenciais.

Em primeiro lugar, análise rendibilidades líquidas de encargos, já que um investimento em fundos implica o pagamento de comissões de gestão, de depósito, taxas de supervisão e custos de auditoria, todas elas refletidas na denominada Taxa de Encargos Correntes (TEC) do fundo.

Em segundo lugar, na grande maioria dos fundos de investimento, não há garantia do capital inicialmente investido, pelo que há sempre algum risco acrescido face às aplicações de poupança mais tradicionais.

As características intrínsecas destes produtos financeiros tornam-nos uma alternativa consistente, e porventura complementar, à aplicação das poupanças dos investidores em depósitos bancários, certificados de aforro ou ao investimento direto nos mercados de capitais.

Investir em fundos de investimento constitui, de facto, uma excelente alternativa para diversificar e potenciar o rendimento das aplicações financeiras.

 
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