O Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS) pediu à Câmara de Valdevez a anulação de umas jornadas ambientais, por serem promovidas por associações ligadas à caça, mas o presidente disse que o evento não é organização municipal.
Em causa, segundo um comunicado enviado hoje pelo FAPAS à agência Lusa, está a primeira edição das Jornadas Internacionais – Sustentabilidade Económica dos Espaços Ordenados e Protegidos que vai decorrer nos dias 13 e 14 de abril, em Arcos de Valdevez.
Segundo o FAPAS, a iniciativa é promovida pelo Clube Português de Monteiros e o Safari Clube Internacional – Lusitânia Chapter, com o apoio do município de Arcos de Valdevez, do Ministério da Agricultura, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), do Turismo do Norte e com a anunciada presença do ministro do Ambiente e do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural”.
“O FAPAS apela à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez para que anule este evento e ao ministro do Ambiente e ao secretário de Estado das Florestas para que nele não participem”, lê-se na nota.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves, referiu que o município “apenas apoia o evento” e adiantou que o pedido para a sua anulação “deve ser dirigido à organização”.
No entanto, João Manuel Esteves referiu que o tema das jornadas “é, e sempre foi, do interesse” do concelho de Arcos de Valdevez, integrado no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) “assim como deve ser um tema de interesse para todos”.
O autarca social-democrata adiantou que “a caça, desde que devidamente enquadrada na lei e na preservação da natureza é uma atividade, tal como é reconhecido por todos, de grande relevância económica”.
João Manuel Esteves referiu também a autarquia vai apoiar as XX Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental, que o FAPAS vai organizar dias 27 e 28 de abril, em Arcos de Valdevez.
Já a associação de defesa dos animais selvagens afirma que “perante o anúncio destas jornadas de propaganda da caça, irá repensar o programa do evento e usá-lo para um adequado esclarecimento sobre a caça no PNPG”.
Em causa está a preservação da cabra-brava do Gerês, que o FAPAS diz ter sido dada como extinta em 1892 “devido ao excesso de caça” e que “regressou a Portugal em 1998.
“Ao fim de 20 anos de repovoamento da espécie, já a querem caçar, provavelmente para a levar de novo à extinção”, frisou a organização ambientalista.