Cebolas, abóboras, courgettes, milho, ouriços de castanhas, maças, pimentos, uvas, alho, beringelas, entre muitos outros produtos agrícolas. Frutas e legumes decoram, desde domingo e durante de três semanas, a igreja de Alvarães, em Viana do Castelo, para “agradecer” a São Miguel as “boas colheitas”, disse uma das dinamizadoras da iniciativa.
A “manifestação de fé” permanecerá “o tempo que os produtos resistirem viçosos”, cerca de três semanas, como habitual e segundo confirma a junta daquela freguesia vianense nas redes sociais.
As frutas e os legumes serão “quase todos os produtos são reaproveitados”, segundo disse uma zeladora à Lusa, durante o mesmo período, numa entrevista de 2016, quando questionada sobre estes não serem encaminhados no imediato para pessoas com dificuldades, em vez de serem colocadas na igreja.
Ester Sotomaior é zeladora da igreja de Alvarães, na margem esquerda do rio Lima desde os 15 anos e, garantiu que “só deixará de enfeitar os altares quando as forças não o permitirem ou se acabarem com a tradição”.
O trabalho de decoração dos diversos altares, com os produtos das colheitas da época, envolveu mais de uma dezena de zeladoras.
Ester Sotomaior destacava, na altura, o ”empenho” que todas as zeladoras colocam na confeção dos arranjos chegando “a procurar nas freguesias vizinhas os produtos mais bonitos quando os que saem das suas terras não são os melhores para enfeitar a igreja”.
A freguesia de Alvarães é também conhecida pelos andores floridos, feitos com “milhares de pétalas frescas e folhas variadas”, ex-libris das festas das Cruzes que se realizam em maio.
Manda a tradição, que remonta a 1946, que as pétalas das flores utilizadas na confeção dos andores sejam colhidas nos montes de Viana do Castelo e coladas uma cola feita à base de farinha que garante a humidade necessária para que as pétalas se aguentem vários dias “viçosas e coloridas”.
Um trabalho minucioso que através da conjugação das cores e texturas das pétalas forma desenhos temáticos, transformando os andores em verdadeiras obras de arte popular, com motivos religiosos, paisagísticos e monumentais.