Quase meio milhar de residentes na freguesia de Arcozelo, em Ponte de Lima, assinaram o abaixo-assinado de contestação à construção de uma central de betuminoso, disse hoje o porta-voz da ação popular.
“O abaixo-assinado foi lançado na sexta-feira passada e tem tido uma adesão popular vertiginosa, quase absoluta. Isto agora é imparável”, afirmou hoje Mário Leitão.
Fonte da Câmara de Ponte de Lima revelou que “foram embargados os trabalhos de terraplanagem do terreno adquirido por um investidor privado para a instalação de uma indústria não poluente por não estarem licenciados”.
A mesma fonte adiantou que “o projeto de terraplanagem que deu entrada nos serviços camarários foi arquivado a pedido do requerente”.
De acordo com a ata da reunião da Câmara de Ponte de Lima de 01 de agosto passado, hoje consultada na página da internet daquela autarquia, o executivo aprovou por maioria a autorização de venda de um terreno de 15.680 metros, pelo valor de 10 euros cada metro quadrado. Segundo o mesmo documento, ficou definido o pagamento 20 mil euros na celebração do contrato de compra e venda e o restante em oito prestações trimestrais.
O porta-voz do movimento popular explicou que o abaixo-assinado em curso pretende “mostrar ao poder político instituído que a população não quer a fábrica” naquela freguesia do concelho de Ponte de Lima.
“Não queremos a central aqui e vamos contestar junto de todas as instâncias como sendo uma vontade do povo”, sustentou.
Segundo Mário Leitão o investimento está previsto para o “coração da freguesia”.
“Situa-se a 300 metros de uma Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, instituição que detém nas proximidades, uma creche, lar de idosos e centro de dia“.
“Como é que se pode verificar uma situação destas. Era o que mais faltava”, destacou.
O presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, João Barreto disse desconhecer a existência do abaixo-assinado mas admitiu “ter tido conhecimento de movimentações para recolha de assinaturas” de contestação ao projeto.
O autarca, que na sexta-feira passada promoveu uma sessão de esclarecimento com os responsáveis pelo investimento, afirmou que “até quarta-feira não tinha dado entrada, na Câmara de Ponte de Lima, o pedido de licenciamento da central”.
“A empresa já me informou da intenção de construir a central betuminosa mas entre o querer e o fazer vai uma diferença”, disse, garantindo que “mal o pedido de licenciamento dê entrada na Câmara” irá requerer o processo “para solicitar pareceres às entidades competentes”.
Acrescentou que vai estar “atento para defender os interesses da população relativamente a questões ambientais”, sublinhado que “o terreno em causa está situado numa zona industrial prevista no Plano de Urbanização das Pedras Finas que esteve em consulta pública“.
“Eu tenho a maior zona industrial do concelho de Ponte de Lima. Quero trazer para cá o maior número de empresas e criação de muitos postos de trabalho mas isso não invalida o cumprimento escrupuloso da lei “, referiu.
A polémica em torno do investimento levou o secretário da Junta a solicitar a convocação de uma reunião extraordinária, no dia 25.
“Enquanto habitante de Arcozelo não tenho qualquer dúvida. Não concordo com aquele investimento naquele espaço. Não posso concordar por pôr em causa alguns investimentos feitos pela própria Junta de Freguesia, pelo impacto ambiental, patrimonial e humano que terá“, sublinhou José Santos em nota enviada à imprensa.
Fique a par das Notícias de Ponte de Lima. Siga O MINHO no Facebook. Clique aqui