O presidente da Câmara da Póvoa de Lanhoso, Frederico Castro apresentou, sexta-feira, à noite, a sua candidatura à liderança da Federação Distrital de Braga do PS, durante uma reunião da Comissão Política Distrital (CPD), dizendo que avança “em nome do consenso e de um futuro diferente”.
A reunião ficou, no entanto, marcada pelo abandono do presidente da Federação, Joaquim Barreto, seguido de outros membros do órgão, caso do presidente da Mesa, Luís Soares, agastados com as críticas de militantes como Raúl Rocha, de Guimarães, e de Ricardo Gonçalves, da secção de Braga.
A saída de Barreto que terá sido seguida por vários dirigentes concelhios, acabou com a reunião do órgão – durou apenas 15 minutos – , o qual terá de se reunir, de novo, para discutir pontos da agenda como o da marcação do Congresso, que deve ocorrer em novembro na cidade de Braga, bem como os regulamentos eleitorais, datas e locais, para as próximas eleições concelhias e para a Distrital.
Um dos que saiu da sala foi Frederico Castro e a sua saída tem duas interpretações: do lado de Joaquim Barreto – que o O MINHO não conseguiu contactar – o seu abandono demonstra “solidariedade” com o líder distrital e “discordância” com as declarações de Ricardo Gonçalves. Já este militante tem outra interpretação: “o Frederico saiu para o convencer a voltar para a reunião porque tínhamos que continuar a reunião pois existia muito a aprovar”, disse ao nosso jornal.
Ricardo Gonçalves salientou, ainda, que os membros da CPD que falaram para apoiar Frederico Castro são todos adversários políticos de Joaquim Barreto: “Quando eu falei a dizer que a candidatura do Frederico era um momento histórico de liberdade no PS/Braga, ele não gostou, mais a mais por eu ter desafiado o Frederico a candidatar-se à Federação, o que agora se concretizou”.
E acrescenta: “Perante esta nova realidade, o Joaquim Barreto abandonou a reunião da CPD e pediu para saírem com ele, fez-se grande confusão, e ele e mais alguns abandonaram a sala e a reunião”.
E acentua: “Eu ainda lhe disse que ele tinha previsto sair porque quer dar cabo do momento da apresentação do Frederico e porque se o candidato da continuidade, Luís Soares, fosse a eleições contra o Frederico levava uma derrota monumental”.
“Ele está nervoso, revoltado com a falta de apoios e em estado de negação não aceita a candidatura do Frederico, nem admite perder o protagonismo”, acusa.
Para Ricardo Gonçalves, o líder federativo julga-se “o DDT (Dono Disto Tudo) do PS Braga e o Luís Soares está igual pois é o Presidente da Mesa e o Barreto convidou-o a ir atrás dele e ele foi, abandonando o barco…”
Intervenção agressiva
O MINHO não conseguiu contactar nem Barreto nem Luís Soares. Mas, uma outra fonte da Federação disse que os vários militantes que abandonaram a sala, fizeram-no por discordarem do teor das intervenções de Raul Rocha e de Ricardo Gonçalves, sobretudo das deste último, que classificam como “despropositadas e mesmo agressivas”.
Salientam que o presidente da Federação nem foi o primeiro a sair e que, na sala, apenas ficou Ricardo Gonçalves como outros três ou quatro membros do órgão.
A mesma fonte afeta a Joaquim Barreto rejeita a acusação de que ele não quereria a candidatura de Frederico Castro, garantindo que a sua preparação foi consensual: “Ainda na sexta-feira, antes da reunião da CPD, houve uma reunião em que se falou da candidatura e do modo tranquilo que se pretende para a mudança na liderança e, numa ótica de mudança geracional”.
Sobre as críticas de Ricardo Gonçalves e de um grupo de oposicionistas a Joaquim Barreto, alegando que a sua ação dividiu e enfraqueceu o PS, a mesma fonte lembra que, pela primeira vez o partido elegeu uma eurodeputada, Isabel Carvalhais – oriunda da sociedade civil – passou de sete para nove deputados no Parlamento, tem cinco presidências de Câmara e aumentou o número de eleitos nas assembleias municipais e nas freguesias.