Francisco Neto quer chegar ao último jogo a depender apenas de si

Selecionador Francisco Neto. Foto: FPF

A seleção portuguesa feminina de futebol tem como objetivo chegar ao último jogo da fase de grupos a depender apenas de si própria para chegar aos ‘oitavos’, traçou em entrevista à Lusa o selecionador nacional, Francisco Neto.

“Acima de tudo, e eu vou teclar sempre nisto, queremos chegar ao último jogo a depender só de nós, ou seja, ser competentes para amealhar os pontos suficientes para, no último jogo, contra os Estados Unidos, ou já estarmos apurado, e isso era perfeito, era o ideal, ou então depender só de nós para poder passar à fase seguinte”, frisou Francisco Neto.

E acrescentou: “Sairemos sempre de lá frustrados se olharmos para os jogos e acharmos que não fomos suficientemente competitivos e que foi demasiado fácil vencer-nos. E isso é que não pode acontecer, não queremos sair de lá com essa sensação. Por isso, temos de ser altamente competitivos, altamente organizados para poder depender só de nós no último dia”.

A corrida a esse objetivo começa em 23 de julho, em Dunedin, pelas 08:30 (em Lisboa), face aos Países Baixos, formação face à qual Portugal perdeu por 3-2 na fase de grupos do Euro2022, depois de recuperar de 0-2 para 2-2.

“Não vão ser os mesmos Países Baixos, mas também não vai ser o mesmo Portugal. Os Países Baixos mudaram de treinador depois do Campeonato da Europa. Nitidamente que cresceram na qualidade do jogo. Ainda agora venceram por 5-0 a Bélgica”, avisou.

Segundo Francisco Neto, trata-se de uma “equipa renovada, motivada, e a jogar um futebol mais dominador, com outro tipo de princípios que não apresentaram” no Europeu.

“Por isso, esperamos um jogo de muita dificuldade, mas também queremos um Portugal a criar dificuldades à Holanda. Será, sem dúvida, um jogo importante, marcante. Espero que, emocionalmente, por ser o nosso primeiro jogo num Campeonato do Mundo, consigamos estar emocionalmente tranquilos para o poder disputar e ser competitivos como temos sido nestes últimos tempos contra estas grandes equipas. É isso que nós procuramos”, frisou.

Depois, no dia 27 de julho, em Hamilton, novamente pelas 08:30 (em Lisboa), segue-se o Vietname, que, como Portugal, é estreante em mundiais.

“Já conhecemos o Vietname, que tem, inclusivamente, uma das suas capitãs a jogar em Portugal, no Länk Vilaverdense. Será um adversário muito competitivo. Acabou, há cerca de 10 dias, de perder por 2-1 com a poderosa Alemanha”, afirmou à Lusa.

Segundo o selecionador luso, o conjunto asiático “retira muitos espaços aos adversários, pressiona no campo inteiro, tem muitas referências individuais e, depois, é uma equipa que, quando tem bola, é muito agressiva no ataque à profundidade”.

“Por isso, será sempre também um jogo muito complicado, com um padrão de problemas completamente diferentes, possivelmente com outro tipo de situações, a termos mais bola, a termos que explorar outro tipo de espaços, outro tipo de abordagem ao jogo, mas sem dúvida nenhuma que temos de ter o máximo de respeito e o máximo de cuidado”, anteviu.

A fechar o Grupo E, Portugal enfrenta, em 01 de agosto, pelas 08:00 (em Lisboa), em Auckland, onde está o seu ‘quartel general’ na Nova Zelândia, os Estados Unidos, as bicampeãs em título.

“Favorita? É uma das, sem dúvida, mas também é o terceiro jogo e acho que um terceiro tem muitas nuances e é difícil prever. As equipas podem estar apuradas, afastadas ou ter a pressão de ter que ganhar para ficar em primeiro. Há lesões, fadiga acumulada, rodaste mais a equipa, não rodaste tanto equipa, estás mais cansado, não estás. Há muita coisa que vai acontecer”, disse.

Em qualquer cenário, Portugal terá, porém, pela frente “o expoente máximo daquilo que é uma equipa, as bicampeões do Mundo, com jogadoras com muita experiência, que viveram esses dois campeonatos, e com um grupo de jogadores novas, que querem também vivenciar esses momentos”.

“Nós sabemos da importância do que é para a sociedade americana esta seleção. É uma afirmação mundial daquilo que é o desporto americano, que nós sabemos que adoram e, por isso, será sempre um adversário muito difícil”, clarificou à Lusa.

A seleção nacional sabe o que vai encontrar: “Nós já jogámos com elas nos últimos anos quatro vezes em contexto particular e sabemos sempre das dificuldades, o que é defrontar os Estados Unidos, quanto mais num Campeonato do Mundo”.

“Tem que ser um Portugal extremamente organizado, fresco, com um coletivo muito forte”, frisou, garantindo: “Queremos e vamos lá chegar preparados. Vamos tentar fazer o nosso melhor, pensando também jogo a jogo, tranquilamente. Temos de depender só de nós e, chegando lá em condições de depender só de nós, a nossa competência tem que vir ao de cima para concretizar os nossos desejos”, frisou.

Em resumo, “o grande objetivo é chegar ao jogo com os Estados Unidos” com o apuramento nas mãos e, depois, “ser competentes o suficiente para fazer mais do que três jogos”.

“Queremos muito fazer mais do que três jogos, mas também sabemos que para fazer mais do que esses três jogos temos que ser competentes nos outros. Nestas competições muito curtas, é impossível a sorte pingar três vezes. Se não fores competente, ela não cai três vezes, por isso tens que ter mesmo muito trabalho envolvido”, finalizou.

A seleção portuguesa feminina de Portugal é estreante no Mundial de 2023, que se realiza na Austrália e Nova Zelândia, de 20 de julho a 20 de agosto, com a seleção lusa integrada no Grupo E, com Países Baixos (jogo em 23 de julho, em Dunedin), Vietname (27, em Hamilton) e Estados Unidos (01 de agosto, em Auckland).

 
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