Fotógrafo de Ponte da Barca capta “felino mais raro e esquivo de Portugal”

Gato-bravo. Foto: Carlos Pontes / Todos os direitos reservados

O fotógrafo e videógrafo de natureza, Carlos Pontes, partilhou ontem nas suas redes sociais uma fotografia de um “gato-bravo” (Felis silvestris) apelidando-o de “felino mais raro e esquivo de Portugal”.

Junto com a fotografia de raro valor, o minhoto conta um pouco da sua história com este tipo de animais, revelando que já se havia cruzado com vários, quase sempre durante a noite, e já havia fotografado um deles há cerca de 10 anos, sabendo, por isso, o quão difícil é apanhar estes animais na objetiva.

Um felídeo que proliferou na Europa Central há muitos séculos, tem sofrido um declínio grave de população devido à redução do habitat e do cruzamento com os gatos-domésticos (Felis catus), situação bastante recorrente na Península Ibérica.

Está classificado como “vulnerável” em Portugal, no Livro Vermelho dos Vertebrados, e é uma espécie estritamente protegida pela Convenção de Berna e pela União Europeia. Contudo, a nível europeu, o seu estatuto é de “pouco preocupante”.

Gato-Bravo. Foto: Carlos Pontes

Sem revelar localizações concretas para proteger o animal, Carlos Pontes conta que, este ano, enquanto “cruzava um estradão”, em duas ocasiões distintas, verificou a presença deste indivíduo.

“Pensava que tinha tido uma sorte enorme este ano com dois avistamentos de dia, um deles que permitiu ver e contemplar o animal durante alguns segundos. Até certo dia, que a espécie que nunca pensei que entrasse na linha da lente me deu um prazer indescritível fotografar”, prosseguiu.

Carlos Pontes diz que quando viu “a cauda e as pintas que logo pela altura e tamanho do bicho e com todas as características condizentes”, percebeu “estar diante de um gato-bravo”.

Para o fotógrafo que ganhou notoriedade nos últimos anos devido às suas fotos de lobos-ibéricos, colaborando por diversas vezes na edição portuguesa da revista National Geographic, a adrenalina ao tentar captar este gato-bravo “saltava tanto” como nos primeiros lobos que fotografou.

“Uns metros adiante com uma pequena clareira o bicho parou a olhar para o terreno e de costas para mim, faço um click e automaticamente virou-se nesta posição, mais dois cliques e nunca mais o voltei a ver”, descreve, acrescentando que “desapareceu como um fantasma”.

Carlos Pontes sublinha que “este é o único registo” que tem conhecimento “deste animal em território português sem ser de câmara-trap ou fotoarmadilhagem”.

Em Portugal existem cerca de 100 exemplares do gato-bravo, espécie que poderá enfrentar extinção muito por causa da hibridação com “gatos domésticos”.

A terminar, Carlos Pontes diz der “urgente um plano de gestão e monitorização da espécie e avaliar potências formas de o salvar da hibridação e extinção no nosso país”.

 
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