O Forte da Lagarteira, em Vila Praia de Âncora, atualmente fechado e sem qualquer utilização, vai reabrir “ao serviço da população e do turismo”, após a Marinha ceder a gestão à Câmara, durante cinco anos e sem custos.
O presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves (PS) adiantou que “a curto/médio prazo” o objetivo da autarquia é avançar com um projeto de qualificação do imóvel, “sem viciar” as suas características históricas e arquitetónicas.
“Estamos a pensar num projeto que se adeque ao imóvel, para que ele valha mais do que já vale hoje e para que possa passar mais tempo aberto para o público usufruir”, explicou.
O protocolo negociado com a Marinha, e que estabelece as condições em que o edifício vai ser utilizado pela autarquia, durante os próximos cinco anos, período após o qual poderá ser renovado, foi aprovado, na quarta-feira, pela maioria socialista naquela autarquia.
Os vereadores do PSD votaram contra aquele protocolo, “não por estarem contra os objetivos”, mas por consideraram que houve “oportunismo político” do presidente da Câmara.
“O acordo entre a Marinha e a Câmara Municipal para cedência do Forte da Lagarteira só foi conseguido porque o presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora encetou inicialmente as diligências para tal. O presidente da Câmara não quis fazer um protocolo tripartido onde contemplasse, de forma justa, a Junta de Freguesia”, sustentaram.
Naquele documento, o município compromete-se a garantir a conservação, manutenção e custos de funcionamento do imóvel e, em contrapartida, pode utilizar o espaço para a realização de eventos, podendo ainda, com autorização da Marinha, “cedê-los a outras instituições do concelho” para o mesmo efeito.
Segundo Miguel Alves, a cedência, pela Marinha, daquele património, “com uma localização privilegiada, em pleno portinho de pesca, e as suas potencialidades era há muito ansiada”.
“Todas as tentativas anteriores resultaram infrutíferas pela exigência do pagamento de uma renda, o que não aconteceu com o acordo agora alcançado. São boas notícias para Vila Praia de Âncora, e para o concelho, que assim valoriza o seu património e o coloca ao serviço da população e do turismo”, frisou.
Para o autarca socialista, a cedência do Forte da Lagarteira “vem colmatar um défice sentido no concelho e, em particular, em Vila Praia de Âncora, em matéria de locais capazes de acolher atividades culturais, tendo um enorme potencial, nomeadamente para a realização de eventos”.
Entre os eventos realizados naquele espaço, a autarquia destacou, em 2014, o concerto com Teresa Salgueiro, e este verão, a iniciativa Fado Forte, evento integrado nas Viagens à Terra Nova, uma exposição que homenageou os mais de 700 pescadores do concelho que se dedicaram à pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova.
O Forte da Lagarteira foi mandado construir por D. Pedro II (1640 – 1668/1690) na sequência das Guerras da Restauração da independência para o reforço da costa portuguesa perante a ameaça espanhola, integrando-se na linha de defesa estrategicamente colocada nas margens do rio Minho e ao longo da costa atlântica.