Descontente com as interferências da Distrital e da Nacional do PS nas listas concelhias e com “determinadas políticas” da gestão municipal, José Paulo Teixeira, presidente da União de Freguesias de Barcelos, Vila Boa e Vila Frescainha de S. Martinho e S. Pedro, desfiliou-se do partido e lançou uma candidatura independente à Câmara de Barcelos. O empresário de 53 anos, que encabeça a candidatura TB – Todos Barcelos, faz um “balanço meio positivo, meio negativo” dos 12 anos de governação socialista. Defende um acordo com a Águas de Barcelos em que considera preferível que a empresa assuma a concessão até ao fim do contrato e, depois, a gestão regresse à autarquia. Relativamente ao novo hospital, considera que a Câmara, com o orçamento municipal, deve dar o primeiro passo para a sua construção e, assim, pressionar o Governo. Quer criar um “Espaço Empresário” para captar investimento para o concelho e derrubar os muros do Parque da Cidade. No novo panorama político que, este ano, se apresenta a eleições no concelho, deixa uma garantia: “TB-Todos Barcelos é a alternativa segura a 100%”.
Com as próximas eleições autárquicas, fecha-se um ciclo de 12 anos da presidência de Miguel Costa Gomes/PS. Que balanço faz desta gestão autárquica?
É um balanço meio positivo, meio negativo. Meio positivo porque, no primeiro mandato da presidência do PS, julgo que algumas coisas mudaram em relação ao anterior presidente, em resolver situações que estavam pendentes, em avançar com determinadas obras. Mas os dois últimos mandatos foram negativos. Temos a questão das Águas de Barcelos, em que não se viu um único desenvolvimento na resolução do problema, que afeta em muito os barcelenses; e o conflito entre o presidente e vice-presidente, de não se entenderem, que teve como resultado o desleixo em alguns departamentos do Município.
Como avalia a gestão política da questão da Águas de Barcelos e qual o modelo que defende para a sua resolução?
A minha avaliação do processo das águas de Barcelos é negativa. Foram doze anos sem dar um único passo no sentido da resolução deste problema, ou definir o que quer que seja, que tanto afeta a vida dos cidadãos barcelenses. Não se trabalhou a 100%. Doze anos é uma vida para um cidadão, e ter que assumir bastantes despesas nos pagamentos dos ramais, nas instalações que são necessárias, para ter qualidade de vida, passa até a ser um caso de saúde pública, acho que foi bastante negativo.
A minha resolução para a questão das Águas de Barcelos é um acordo com os proprietários das Águas de Barcelos, em definir uma estratégia para definir o custo da ligação do ramal, para que não seja tão cara, e onde possa o Município atribuir ou contemplar o cidadão que quer fazer a ligação. Estamos a falar de pessoas carenciadas e idosos. Temos que entrar num diálogo sério e credível com a empresa proprietária, onde é preferível que a empresa mantenha a gestão até ao fim do contrato e depois a resolução passe a ser do Município, senão é continuar a “chover no molhado”, e continuamos sem resolver o problema. Portanto, o TB-Todos Barcelos vai reunir com a empresa proprietária e chegar a um acordo no sentido de resolver este problema.
Relativamente ao novo hospital de Barcelos, como acha que o executivo municipal geriu o processo e, caso seja eleito, o que pretende fazer para que este seja uma realidade?
A situação do Hospital de Barcelos deve-se, essencialmente, ao Governo. Eu fiz parte duma comissão do novo hospital, falou- se várias vezes sobre falar com o primeiro-ministro sobre esse assunto. O novo hospital em Barcelos é muito importante, temos mesmo essa necessidade, para melhoria de qualidade nos serviços prestados e segurança tanto dos utentes como dos profissionais. Nós trabalhámos nessa comissão para o novo hospital e não deu em nada. E não deu em nada, porque notou-se uma falta de pressão por parte do Município sobre o Governo. Com o orçamento de 70 milhões que o Município possui, poderá estar aqui destinada uma verba para dar o primeiro passo. Claro que temos também o Ministério da Saúde, que tem uma palavra a dar sobre este assunto, mas deverá ser feita uma pressão unificada e o TB-Todos Barcelos está disponível a 100% para que a construção do Novo Hospital seja uma realidade.
Nestas eleições autárquicas há três novidades: a coligação PSD/CDS/BTF, o Chega e um candidato independente dissidente do PS [o próprio José Paulo Teixeira]. Que leitura faz deste novo cenário político na cidade e o que de bom ou mau considera que pode trazer para a governação da Câmara?
Em democracia, qualquer cidadão que entenda que tem uma mais valia para a sua freguesia ou concelho, tem toda a legitimidade para se candidatar.
Na coligação PSD/CDS/BTF, entenderam os senhores reunir forças para tentar remover o Partido Socialista do poder. Poderia ser uma ideia fantástica, mas não são evidentes indicadores de que seja uma mais valia para o concelho. Pelo feedback que recebo de alguns cidadãos de Barcelos, não acreditam que esta coligação resulte. Dissidentes do partido socialista no passado tiveram diálogos menos favoráveis para que isto fosse possível, e agora mudaram de ideias.
O partido Chega surgiu pelas mãos de André Ventura. Este tipo de partidos nasce porque os partidos anteriores assim o admitem. Não resolvem os problemas dos cidadãos, não tratam das situações, e dão espaço para que
surjam estes partidos.
O TB-Todos Barcelos nasceu porque não concordei com determinadas políticas que estavam a ser praticadas no concelho de Barcelos. E por imposição de uma Distrital e uma Nacional, que não têm conhecimento nenhum da realidade de Barcelos, das necessidades dos barcelenses. Temos a situação das Águas e do Hospital, não avançaram com a resolução de nada, por aqui vemos que não quiseram saber de Barcelos para nada, e quiseram agora vir interferir num concelho onde existe uma concelhia e onde existem militantes, que pagam as suas cotas. Num concelho onde existem militantes que participam nas comissões políticas e foram encostados, não foram tidos nem achados nas decisões sobre o que entendiam, qual a pessoa ideal para os gerir os destinos de Barcelos. E como eu não me enquadro nessa situação, do poder por poder, não tenho esse princípio, a mim se me entregarem esse poder é para gerir o concelho, ajudar e colaborar com os cidadãos. TB-Todos Barcelos nasceu, é uma alternativa a todos estes partidos, Coligação/PS/Chega/Mas/PCP/Bloco de Esquerda. TB-Todos Barcelos é a alternativa segura a 100%.
Quais as prioridades da sua candidatura para Barcelos?
As prioridades são muitas, no entanto vou mencionar algumas, tais como: a criação do “Espaço Empresário”, de forma a captar o investimento para o concelho, agilizando os processos de licenciamento e no apoio técnico a candidaturas ao investimento; apoiar a juventude através do apoio ao arrendamento jovem, fixando os jovens na nossa cidade; atribuir um subsídio às juntas de freguesia para a contratação de um estagiário, criando de imediato 61 novas oportunidades. Apoiar empresas de jovens com cedência de instalações, como forma de apoiar o empreendedorismo, captação de investimento para o concelho como forma de promover também o desenvolvimento.
Na ação social, criar uma loja Social Municipal, de apoio a todos os cidadãos do concelho em parceria com empresas publicas e privadas, destacando as áreas alimentar e vestuário. Formar equipas de cuidados de saúde domiciliários, criar uma rede de apoio domiciliário apoiada nas instituições de saúde já existentes no concelho, por exemplo (Podologia/consultas de psicologia).
Como já foi referido anteriormente, a resolução da questão das Águas de Barcelos e pressionar o Governo para agilizar a construção do novo Hospital.
Estas são algumas das nossas medidas, no entanto a nossa principal missão passa por apoiar os cidadãos barcelenses e as instituições, dentro das nossas competências no sentido de melhorar a qualidade de vida dos barcelenses.
Quais as potencialidades de Barcelos que gostaria de ver mais exploradas?
O Galo de Barcelos é a marca de Portugal no Mundo, nós barcelenses temos uma gastronomia fantástica, uma cerâmica reconhecida mundialmente, empresas na área do têxtil reconhecidas nacional e internacionalmente, potencializar o Turismo é um ponto alto para a cidade e para a economia. Nós temos em Barcelos muitas adegas, que não estão a ser aproveitadas para roteiros turísticos, por exemplo.
A zona Ribeirinha é um espaço público que não está aproveitado, não estão a ser criados espaços de lazer para as famílias, para atividades desportivas. Existe todo um potencial que não está a ser aproveitado. Queremos criar espaços para que os cidadãos possam usufruir em família, possam aproveitar a nossa belíssima zona ribeirinha, construir restaurantes e bares. Remover os muros do Parque da Cidade para que seja possível haver uma integração natural do parque com a cidade, sem restrições de acesso. Promover a sua utilização e não privar a população dessa zona.