No primeiro semestre de 2019 foram criadas 27.067 novas empresas em Portugal, mais 9,3% do que em igual período de 2018, ano em que foi batido o recorde de criação de empresas no país, foi hoje divulgado.
Segundo o Barómetro da Informa D&B, o crescimento verificado deve-se sobretudo aos dois primeiros meses deste ano, pois a partir de março as diferenças mensais entre 2018 e 2019 foram mais pequenas.
Os setores da construção e dos transportes foram os principais responsáveis pelo crescimento da constituição de novas empresas no primeiro semestre, representando 80% desse incremento.
O setor da construção registou um aumento de 32,6% face ao período homólogo (3.117 empresas), reforçando uma tendência já verificada em 2018.
Este crescimento foi transversal a todos os subsetores da construção, mas mais acentuado na ‘construção de edifícios’ e em algumas atividades especializadas como a ‘instalação elétrica’, ‘montagem de trabalhos de carpintaria e caixilharia e pintura’ e ‘colocação de vidros’.
No setor dos transportes foram criadas mais do dobro do número de empresas que no primeiro semestre de 2018: 2.052 novas empresas.
Para este crescimento contribuiu sobretudo o subsetor do ‘transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros’, em especial na Área Metropolitana de Lisboa e no distrito do Porto.
Tanto na construção, como nos transportes, 70% das novas empresas são iniciativas de pequena dimensão, sob a forma de sociedades unipessoais.
Setores que protagonizaram grandes vagas de empreendedorismo nos últimos anos, como as atividades imobiliárias e o alojamento e restauração, registaram uma quebra na primeira metade de 2019.
Nas atividades imobiliárias a descida foi de 6,6% (menos 95 empresas) e no alojamento e restauração foi de 3,2% (menos 164 empresas) face ao período homólogo.
Para o aumento das novas empresas no primeiro semestre de 2019 contribuíram também de forma significativa os serviços empresariais, retalho e indústrias.
Nos serviços empresariais, a constituição de empresas cresceu 4,9%, com destaque para o subsetor das ‘atividades de limpeza em edifícios e outras atividades de serviços de apoio prestado às empresas’.
No retalho, um dos setores com mais empresas no tecido empresarial, o crescimento de novas empresas foi de 7,1%, com destaque para os subsetores ‘têxtil e moda’ e ‘automóvel’.
Nas indústrias, a constituição de novas empresas cresceu 5,9%, com o maior contributo da indústria dos equipamentos.
Apesar de manterem a liderança na constituição de empresas, os distritos de Lisboa e Porto perderam peso face a 2018, enquanto os distritos de Setúbal, Aveiro e Braga cresceram.
Estes dois distritos, que em 2018 representavam dois terços do aumento total de nascimentos de empresas, no primeiro semestre de 2019 passaram a representar pouco mais de um terço.
Segundo o Barómetro da Informa D&B, neste período o aumento das constituições teve “um contributo muito significativo” de distritos como Setúbal, com mais 244 constituições (mais 13,3%), Aveiro, com mais 221 constituições (mais 20,1%), e Braga, mais 195 constituições (mais 10,8%), que, no conjunto, se aproximaram dos valores registados em Lisboa e Porto.
Nos primeiros seis meses do ano, 1.123 empresas e outras organizações iniciaram um processo de insolvência, o que corresponde a menos 10,7% do que no mesmo período de 2018, mantendo-se o ciclo de descida que se verifica desde 2013, ano em que se inverteu a tendência deste indicador, sendo generalizado à maioria dos setores de atividade e distritos.
A indústria foi o único setor com crescimento no número de insolvências, com mais 52 novos casos, um aumento de 20,6%.
O distrito de Braga registou um comportamento contrário à maioria dos restantes distritos, com 40 novos processos de insolvência (mais 32,8%).