Declarações após o Vitória SC – Rio Ave (1-3), da 19.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães:
João Henriques (treinador do Vitória SC): “O Vitória, hoje, tirando três lances, fez um bom jogo. Eu sei que é difícil perceber isto quando se perde. São três remates enquadrados do Rio Ave. São três situações de finalização. Quando se cometem esses erros, fica-se refém de se dizer que se fez um bom jogo. Tirando esses três lances, foi dos melhores dos jogos do Vitória com bola. Mas não fomos competentes nos equilíbrios e permitimos ao adversário fazer três golos.
Não fazemos substituições só por fazer. Não íamos retificar o nosso posicionamento. Entrámos bem no jogo. Tivemos 15 a 20 minutos em que estivemos por cima do adversário, antes de sofremos golo. Quando tentávamos reagir, sofremos o segundo golo. Ao intervalo, reagrupámos as ideias para o jogo. Durante o período inicial da segunda parte, a equipa esteve bem, mas chegámos a uma altura em que as alterações efetuadas são para dar outras características: entrou o Bruno [Duarte] para dar mais presença na área e o Marcus [Edwards] que tem características completamente diferentes do Rúben [Lameiras}. Poderia meter três pontas de lança, mas nunca treinamos com três pontas de lança.
Foi um jogo com 11 cantos contra zero e com 15 remates contra cinco. Temos de ter uma cultura futebolística que vai para além do resultado. Já ganhámos e empatámos a jogar muito menos do que hoje. Queremos fazer melhor do que na primeira volta. Estamos exatamente com os mesmos pontos na segunda volta que estávamos por esta altura da primeira.
Já estamos com o foco no jogo de quarta-feira [com o Farense}. Queremos continuar com esta qualidade, diminuir os erros e ganhar. Não há tempo para ‘chorar’ os erros. Encontraremos o Farense, que vem moralizado, de uma vitória [3-2 ao Nacional]. Temos de estar atentos aos equilíbrios, que não fizemos corretamente na primeira parte.
[O Vitória de Guimarães perdeu cinco dos nove jogos em casa] Os jogos que perdemos foram todos muito diferentes uns dos outros. Perdemos com o Sporting [4-0] com um jogo idêntico nos erros e nas transições que ditaram o avolumar do resultado. Com o Sporting de Braga [1-0], o adversário aproveitou a parte em que foi melhor e, com o FC Porto, foi um grande jogo, que poderia ter pendido para qualquer lado. Hoje, encontrámos um adversário que iniciou a época na Liga Europa, a jogar em bloco baixo, que poucos lances criou além dos golos. Mas não olho para a diferença entre casa e fora, porque, sem público, o peso desse fator é muito reduzido.
Dos 17 golos que já sofremos, 10 foram em três jogos – Sporting, FC Porto e Rio Ave. São situações pontuais. Não as queremos voltar a repetir. Queremos o Vitória mais forte jornada a jornada. Crescemos futebolisticamente, mas não fomos suficientes para ganhar este jogo. Hoje, vi uma equipa sobejamente superior durante 80 minutos a ganhar por 1-0 e, na parte final, perdeu por 3-1. Era só o Liverpool [contra o Leicester, na 3-1].
Queria deixar uma palavra para o [Bruno] Varela [que cometeu um erro na origem do golo do 3-1]. É um bom menino e um bom profissional. Vai jogar na quarta-feira. Já nos deu pontos muitas vezes. Não é por cometer um erro que o seu rendimento fica em causa. Perdemos todos e ganhamos todos. Vamos demonstrar a força da equipa grande que somos na quarta-feira”.
Miguel Cardoso (treinador do Rio Ave): “Queria-me sair a palavra organização, mas, muitas vezes, a palavra organização é confundida. Eu prefiro rigor. Sabíamos ao que vínhamos e o nível de dificuldade do jogo, frente a um adversário que poderia ganhar hoje e na quarta-feira [em jogo adiado com Farense], para igualar Benfica [quarto classificado] e Sporting de Braga [terceiro] na classificação. Tínhamos o nosso plano de jogo, ao qual tínhamos de ser muito fiéis para ganhar. Transformámos probabilidades em possibilidades para ganhar o jogo.
Sob o ponto de vista defensivo, temos crescido. É aí que as equipas ganham confiança. Tenho referido, desde o primeiro jogo, que esse tem sido sempre o nosso foco. Foi isso que trouxemos para o campo. Os resultados acontecem fruto de mérito e, por vezes, de erros.
Iria defender sempre um plano de jogo que passasse por pôr em campo os melhores jogadores no momento. A construção de uma equipa passa por o treinador conhecer os jogadores que tem e a identidade do clube. Estamos num processo de crescimento. Trabalhar sobre vitórias dá-nos mais ânimo, mas prevejo um campeonato duríssimo até ao final. Hoje, teria sido mais difícil manter níveis de estabilidade emocional com o público aqui. A ausência de público traz mais igualdade [às equipas].
Em relação ao Aderlan [Santos], parabenizo os bons comportamentos. O Nélson [Monte também] esteve bem, os médios tiveram trabalho de sapa, terrível na forma como se tiveram de desdobrar. Os meus alas conseguiram uma relação muito boa com os laterais. As coisas fluíram e acabaram por acontecer bem.
A felicidade por estar aqui é tão grande que sinto que cheguei no momento certo. O Rio Ave tem atingido resultados [na luta pela Liga Europa] nos últimos anos, que resultam do trabalho. O que quero é rigor, disciplina, organização. Sabemos bem o contexto em que estamos. Focamo-nos no que podemos fazer em cada momento, com tranquilidade e com sossego”.