Foi emitido há 20 anos o decreto regulamentar que classificou as lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos, em Ponte de Lima, como área de paisagem protegida, anunciou o departamento responsável pela gestão daquele espaço.
A 11 de novembro de 2000, a autarquia de Ponte de Lima, na altura liderada por Daniel Campelo, que foi o primeiro presidente da comissão que gere a área, recebia a boa nova: As lagoas passavam a ser protegidas em âmbito regional, um “sonho de décadas tornado realidade”.
Gonçalo Rodrigues, coordenador da Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos, disse a O MINHO que coabitam naquele espaço cerca de 1.200 espécies de plantas e animais. “Serão cerca de 700 a nível de fauna, que incluem cogumelos e plantas não vasculares, e o resto em animais, sobretudo aves, peixes e anfíbios”, sublinha.
E os dados não deixam margem para dúvidas. Nos últimos 20 anos, a área recebeu cerca de 2 milhões de visitantes vindos de vários pontos do mundo, dada a biodiversidade do local e toda a envolvente que passa pela Serra d’Arga, pelo Parque Natural da Peneda-Gerês e do Litoral de Esposende, Viana e Caminha, cartões turísticos do Minho a que ninguém fica indiferente.
Mais localmente, todo o contexto da zona noroeste de Ponte de Lima é, por si só, uma atração que passa pelos passadiços, pelo abrir e fechar de campos de pastagem misturados com bosques de folhosas, com percursos bem organizados, pela ciclovia, pela área de lazer do rio Estorãos ou pela Quinta de Pentieiros, onde muitos turistas costumam pernoitar.
“A questão é que as pessoas não vêm visitar só as lagoas, têm num contexto de Ponte de Lima várias atividades e espaços dentro da mesmo área para realizar visitas e passeios”, reforça Gonçalo Rodrigues.
“No nosso caso concreto, as pessoas podem encontrar como fator de diferenciação o facto de uma pequena área de 350 hectares ser um dos lugares com maior biodiversidade no Alto Minho, com todo o género de espécies à exceção de espécies do ambiente marinho e das de alta altitude, que podem ser encontradas, por exemplo, no PNPG”, explica.
“Acredito que vem cá muita gente que gosta de espaços protegidos e de valor paisagístico e natural, mas acredito que a força está na diversidade e no conjunto das atividades que possam fazer, desde interpretação de natureza, atividades de desporto aventura, andar de bicicleta ou correr”, explica.
O responsável afirma ainda que existem poucas lagoas com a riqueza de biodiversidade como as de Bertiandos e S. Pedro de Arcos, pois é um local destinado sobretudo à avifauna aquática, mas também com peixes.
No entanto, nem sempre os visitantes encontram aquilo que esperavam nas lagoas. Alguns trazem bóias, pensando que é um local de banhos, mas ‘chocam’ com a diversidade de plantas das lagoas.
Gonçalo Rodrigues explica que não faz sentido falar em águas límpidas naquelas lagoas, uma vez que são habitats naturais das espécies que lá habitam. Todavia, a água é limpa, com o responsável a destacar a presença de trutas como bioindicador da qualidade da água.
“Digo que este é um projeto que não passa só pela conservação da natureza, é também de desenvolvimento rural e acaba por dinamizar todo o Noroeeste de Ponte de Lima, criando empregos, muita iniciativa privada em torno das questões da natureza e do turismo, e é um projeto que tem conseguido manter o valor de uma pequena área a favor do público em geral”, finaliza o responsável.
A gestão da Area Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos está a cargo da Câmara Municipal de Ponte de Lima e as valências do espaço podem ser consultadas virtualmente através da plataforma própria do município, disponível aqui.