Foi há 175 anos que “Maria da Fonte” começou uma revolta popular em Póvoa de Lanhoso

Acabou com a queda do Governo
Estátua de Maria da Fonte, na Póvoa de Lanhoso. Foto: DR / Arquivo

A Câmara da Póvoa de Lanhoso vai assinalar o 175.º aniversário do início da Revolta da Maria da Fonte com um “programa comemorativo diversificado” que, com música, teatro e pintura, pretende “homenagear um dos símbolos” do concelho.

Em comunicado enviado hoje à Lusa, aquela autarquia refere que a 23 de março de 1846 deu-se o “enterramento tumultuoso de Custódia Teresa, primeiro ato de revolta da população contra o poder instituído”, e que, “em defesa das crenças e valores da comunidade, saíram as mulheres à rua, elevando a voz a um grito que se perpetuou pela liberdade”.

“Somos uma terra com orgulho no nosso passado e na bravura das nossas gentes, e a Maria da Fonte é um símbolo da Póvoa de Lanhoso. Cumprindo-se os 175 anos do começo da revolta, não podíamos deixar de assinalar esta data com um programa de qualidade, pela sua relevância e pelo contributo que representa para a nossa história e para a história do nosso país”, destaca no texto o presidente da Câmara, Avelino Silva.

Também chamada como “A revolução do Minho”, a revolta de Maria da Fonte incidiu sobre o Governo de António Bernardo da Costa Cabral, que proibia a realização de enterros dentro das igrejas.

Descontentes com a medida, e também com alterações fiscais e novas leis no recrutamento militar, as mulheres saíram às ruas em motins, após instigadas por uma mulher chamada “Maria”, natural da freguesia de Fonteacarda, ganhando assim o apelido de “Maria da Fonte”.

Esta revolução acabou por estender-se a todo o país e provocou a queda do Governo por ordem da rainha D. Maria II. Mais tarde, voltou a haver substitiuicao de Governo e o povo voltou a revoltar-se, originando uma guerra civil que durou oito meses, tendo como base o primeiro motim na Póvoa de Lanhoso.

Após intervenção militar estrangeira, foi assinado um acordo a 30 de junho de 1847.

Programa para 2021

A autarquia preparou um “programa comemorativo diversificado” para assinalar este aniversário, com propostas que decorrerão até ao próximo mês de novembro.

“Da música ao teatro, da história à pintura, a Maria da Fonte será homenageada pela terra orgulhosa dos seus feitos que se perpetuam na identidade coletiva”, lê-se.

O programa começa no dia 25 de abril com a abertura da Cave Regional Maria da Fonte e, no mesmo dia, a Banda de Música dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso apresenta o trabalho discográfico “Fénix – Filigrana sonora com registos em memória”.

No dia 07 de maio abre a exposição “(Des)Obedecer”, de Patrícia Ferreira, que conduz o olhar e o pensamento para o dilema da Obediência/Desobediência, através das mostras “33” e “Maria da Fonte”.

A 21 de maio arranca o Ciclo de Conferências “Estórias do Minho – Narrativas no Feminino de uma Geografia Identitária”, que percorrerá os 24 municípios do Minho, “pretendendo-se valorizar um olhar inovador sobre a herança cultural da região rememorada no feminino, enquanto sociedade de forte tradição matriarcal”.

A 07 de junho é inaugurada a exposição “As 7 Mulheres do Minho”, com curadoria de Helena Mendes Pereira, que numa “referência clara” à música que Zeca Afonso celebrizou a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e a Zet Gallery convidam sete mulheres artistas, de várias áreas plásticas, tecnológicas e conceptuais.

Já em 16 de julho a autarquia revelará as vencedoras do Prémio Maria da Fonte, que visa distinguir e prestigiar sete personalidades povoenses do sexo feminino que, pela sua relevância e trabalho desenvolvido, se destacam em várias áreas de atuação de foro local, nacional e internacional.

A VI Mostra de Teatro – Somos Póvoa, Maria!, no âmbito das Oficinas de Teatro, que este ano terá como mote os feitos da heroína Maria da Fonte, realizar-se-á em 17 de julho.

“Pelos Trilhos da Revolta” é o nome da caminhada agendada para 31 de julho e 01 de agosto, através do percurso pedestre “Maria da Fonte”, sendo que em 02 de agosto é lançada a publicação “Maria da Fonte” 175 Anos (1846 – 2021) A realidade? muito para além da Póvoa de Lanhoso”.

Em 24 de setembro será apresentado o Projeto Cultura para Todos – A Maria da Fonte, sendo que a memória da heroína e das mulheres do Minho será materializada num suporte cinematográfico, sobre a sua história e tudo o que dela advém, fazendo com que o seu estoicismo seja apreendido, vivenciado e experienciado, como que numa viagem no tempo.

O programa encerra em 12 e 13 de novembro com o Theatro Concerto – Vir à Maria.

 
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