João Rodrigues Serino apresentou uma ação no Tribunal do Trabalho de Braga, para receber quase três mil euros relativos a créditos laborais, na sequência da sua demissão de funcionário da empresa Bragaparques, da qual o seu próprio pai, o empresário Manuel Rodrigues, é administrador e anterior presidente, sendo detentor de metade do capital social da firma.
A situação, sendo insólita, tem a explicação, por se enquadrar numa luta na sequência do divórcio milionário do universo empresarial “Rodrigues & Névoa”, cuja jóia da coroa do império nascido no Minho é precisamente a empresa Bragaparques, único dos ativos que ainda não foi dividido, entre os antigos sócios, Manuel Rodrigues e Domingos Névoa.
Depois do acordo de princípios celebrado pelos outrora siameses Rodrigues & Névoa, quais Dupont & Dupond, há três anos, no dia 18 de outubro de 2019, Manuel Rodrigues deixou a presidência da Bragaparques, onde já era funcionário o seu filho, João Rodrigues Serino, mas manteve-se no conselho de administração em conjunto com um administrador da sua inteira confiança, Luís Teles, sendo os dois restantes Domingos Névoa e o seu filho Bruno Névoa.
Afilhado de Domingos Névoa, vivendo ainda as duas famílias em moradias geminadas e agora todos de relações cortadas, João Rodrigues Serino despediu-se da Bragaparques, em rotura com Bruno Névoa, alegando ser vítima de “assédio” por parte de Bruno, o que João atribui “a desavenças”, entre os pais de ambos, segundo salienta na sua participação judicial.
João Rodrigues Serino, que auferia um ordenado mensal de cerca de 3.500 euros mensais, desempenhava as funções profissionais na Bragaparques, só que em teletrabalho, como explica o trabalhador na ação judicial, mas argumentando ter “Bruno Névoa desde que tomou assento na administração, adotado uma conduta persecutória, de verdadeiro assédio constante, exigindo a minha presença nas instalações da empresa e mesmo sem a determinação de um horário trabalho”.
Bruno Névoa, instado por O MINHO a exercer o contraditório, recusou a comentar qualquer pormenor relativamente aos considerandos de João Rodrigues Serino, mas perante as insistências por ser mais um episódio na “Rodrigues & Névoa”, Bruno Névoa disse “não tratar de assuntos internos na praça pública” e “nem alimentar telenovelas mexicanas”.
Declaração na base da polémica
Na ação judicial entregue recentemente ao Ministério Público, João Rodrigues Serino, que se demitiu da Bragaparques Estacionamentos SA, há meio ano mas continua sem receber os respetivos créditos laborais, correspondentes a 2.904,72 euros, acrescidos de juros de mora, aguarda uma fase de conciliação judicial para tentar evitar a realização do julgamento.
Mas da parte da administração da empresa Bragaparques a explicação para o não pagamento dessa quantia será a recusa de João Rodrigues Serino assinar a respetiva declaração, como sempre sucede nestas situações, segundo a qual tal quantia de quase três mil euros, mesma verba que o próprio pede no Tribunal do Trabalho, é tudo aquilo que ainda está em dívida.
No seu pedido de patrocínio ao Ministério Público, João Rodrigues Serino solicita também a emissão do seu certificado de trabalho, relativo a mais de sete anos de trabalho, referindo que o pedido de intervenção judicial para receber os quase três mil euros, surge após diversas insistências junto da entidade patronal da qual o pai é um dos quatro administradores.
No caso da administração da Bragaparques não comparecer, esta quinta-feira, ao início da tarde, no Tribunal do Trabalho de Braga, por razões injustificadas, o trabalhador, João Rodrigues Serino, poderá ser então patrocinado pelo Ministério Público, com o processo a passar à Autoridade das Condições de Trabalho e podendo haver eventuais contraordenações.