O festival literário Correntes d’Escritas, que se realiza na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, vai dedicar parte da programação da sua 26.ª edição ao legado das obras de Luís de Camões e Camilo Castelo Branco.
O certame, que acontece entre 15 e 22 de fevereiro nesta cidade do litoral norte, reúne, desta vez, 100 autores de expressão ibérica, sendo 30 estreantes no evento, numa lista de convidados onde figura o cabo-verdiano Germano Almeida, Prémio Camões de 2018 e autor do novo livro “Crime nas Correntes d’Escritas”.
“Estando a festejar os 500 anos [do nascimento] de Luís de Camões tínhamos de o assinalar no Correntes d’Escritas como o grande poeta português. Já Camilo Castelo Branco, que tinha uma grande ligação à Póvoa de Varzim, onde passava grandes temporadas, é um dos grandes artífices da nossa língua, e quando se comemora os 200 anos do seu nascimento não poderíamos ficar indiferentes”, explicou hoje Luís Diamantino, vereador com o pelouro da Cultura da Câmara da Póvoa de Varzim, na apresentação do evento.
O autarca, que foi um dos obreiros da criação do Correntes d’Escritas, está em final de mandato e mostrou-se satisfeito por o festival se ter, nestes anos, estabelecido no panorama cultural português
“O importante é ter ajudado a que o Correntes exista por si só, independentemente das pessoas que o organizam. Sempre acreditei que isso iria acontecer, e ver um recente estudo que aponta que 30% da população portuguesa já teve contacto com o evento através da Comunicação Social é muito gratificante e importante para uma cidade que tem como desígnio a cultura, o lazer e o turismo”, acrescentou Luís Diamantino.
Um dos momentos altos do Correntes d’Escritas será a atribuição do Prémio Literário Casino da Póvoa de Varzim, no valor 25 mil euros, e que este ano tem a concurso 11 obras, de autores de língua portuguesa, de países como Portugal, Brasil e Angola.
A concurso estão livros de João Luís Barreto Guimarães, Luísa Freire, Andreia C. Faria, Adília Lopes (1960-2024), Jorge Gomes Miranda, João Melo, Ricardo Gil Soeiro, Paulo Tavares, Eucanaã Ferraz, Bernardo Pinto de Almeida e Nuno Júdice (1949-2024), sendo o vencedor conhecido no dia inaugural do evento.
Ainda nesse primeiro dia terá lugar, no Cine-Teatro Garrett, palco central do evento, a conferência de abertura, proferida, este ano, por Hélder Macedo, poeta, romancista, professor e investigador literário português, radicado há vários anos em Inglaterra, que vai subordinar a sua intervenção ao tema “Luís de Camões: conhecer não ter conhecimento”.
Nesta 26.ª edição do Correntes d’Escritas serão reforçadas algumas das atividades âncora do certame, como a feira do livro, exposições, sessões nas escolas e também a ida do evento às freguesias do concelho da Póvoa de Varzim, com a presença de escritores.
“Finamente vamos conseguir levar o Correntes d’Escritas a todas as freguesias da Póvoa de Varzim, é um grande desafio, mas que estamos certos que vai aproximar, ainda mais, as pessoas a este evento”, sublinhou o vereador Luís Diamantino.
Segundo números divulgados pela organização, desde a primeira edição, no ano de 2000, já passaram pelo Correntes d’Escritas 1.000 autores, num evento que totaliza um número total de 200 mil espectadores, tendo sido, nos últimos 25 anos, lançados mais 500 livros durante o festival.