O Presidente da Assembleia da República considerou, esta quinta-feira, que educar para a cidadania “é essencial para frustrar” a xenofobia e racismo, lembrando que estas manifestações, como o antissemitismo, não começaram com nazismo nem terminaram após a II Guerra Mundial.
Eduardo Ferro Rodrigues, na intervenção na Cerimónia Comemorativa do Dia de Memória do Holocausto, que decorreu, esta quinta-feira, na Assembleia da República, afirmou que recordar este “exemplo maior da barbárie nazi” e as suas consequências “é um imperativo moral”, já que “para o prevenir é indispensável conhecer as suas causas, o contexto em que surgiu, a conjuntura que o tornou possível”.
“Ao assinalarmos, este ano, o 75.º aniversário da libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, é importante reconhecer que o antissemitismo, o racismo e a xenofobia não começaram com nazismo e não terminaram com o fim da II Guerra Mundial”, destacou.
Na perspetiva do presidente da Assembleia da República, “a História é imprescindível para desvendar este período negro da humanidade e nos avisar para as suas consequências”, mas igual importância tem a educação para a cidadania, “ao fomentar o respeito pelo outro numa sociedade inclusiva, promotora da igualdade, da democracia e da justiça social”.
Para Ferro Rodrigues, educar para a cidadania “é essencial para frustrar as manifestações de xenofobia e de racismo, e a ocorrência de atos de violência com estas relacionados”.
“O Holocausto é exemplo maior da barbárie nazi, com seis milhões de judeus mortos e um número indeterminado de outros seres humanos perseguidos, encarcerados, deportados ou mortos pelas suas crenças, opções políticas, orientação sexual, condições físicas ou origens, mas não surgiu do vazio”, lembrou.
O Holocausto, evidenciou o presidente da Assembleia da República, “foi um programa estabelecido e executado de forma planeada, por etapas” e que sustentou “numa cultura de ódio e de preconceito” e foi “promovido e alimentado por uma forte e eficaz campanha de propaganda e desinformação, que soube explorar a crise financeira e social do pós I Guerra Mundial”.
“Foi um propósito que contou com a cumplicidade, a colaboração – ativa ou passiva – e a indiferença de parte significativa da população de vários Estados”, apontou.
Na evocação deste dia, para Ferro Rodrigues “é também justo recordar os que não assistiram passivamente à propagação do mal, tantas vezes com riscos para a própria vida, a sua liberdade ou sustento”, como foi o caso de Aristides de Sousa Mendes, que salvou centenas de vidas ao contrariar ordens do Governo português.
“É, pois, com agrado que a Assembleia da República, casa da democracia, se associa, nesta cerimónia evocativa do Dia Internacional da Memória do Holocausto, à homenagem devida a este Homem, que honra todos os Portugueses, através da Exposição Além do Dever e da apresentação do documentário sobre a sua vida”, enalteceu.