A realização da Liga dos Campeões em Portugal – que poderá levar a Guimarães jogos dos ‘oitavos’ de final – foi merecedora de cerimónia no Palácio de Belém com a presença das mais importantes figuras de Estado. E também de um reparo de Fernando Pimenta, canoísta de Ponte de Lima, lembrando que o primeiro-ministro e o presidente da República não marcaram presença no campeonato do mundo de canoagem que se realizou em Portugal em 2018.
“Quando o Mundial de Canoagem de 2018 se realizou em Portugal nem sequer na cerimónia de abertura apareceram”, escreveu o várias vezes campeão do mundo e da Europa e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2012, comentando uma publicação do presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Vítor Félix, em que este considerava que “não é normal que um evento desportivo seja apresentado pelas mais altas figuras do Estado, como um triunfo político e de afirmação social de um país que coloca o futebol no centro da sua política desportiva”.
Questionado por O MINHO, o canoísta desenvolveu a sua posição sobre o assunto, começando por realçar a importância da Liga dos Campeões no país. “É sempre bom Portugal receber estes eventos, apesar do que estamos a passar, porque é uma oportunidade de fazer uma boa promoção do nosso país”.
Porém, lamenta que o tratamento não seja igual entre modalidades. “Claro que ficamos tristes. Fazemos de tudo para que Portugal seja reconhecido e esteja nas bocas do mundo por boas notícias e, em 2018, realizámos o campeonato do mundo de velocidade e também o campeonato do mundo de maratonas, passados 15 dias, e infelizmente não tivemos a presença dos mais altos responsáveis políticos do nosso país, pelo menos na cerimónia de abertura. Seria um reconhecimento da modalidade”, afirma Fernando Pimenta.
“Sentimo-nos de certa forma discriminados”, assume o atleta olímpico, reforçando a ideia: “Houve um campeonato do mundo em que a Federação Portuguesa apostou muito, que a Federação Internacional considerou um dos melhores de sempre e não contámos com a presença do primeiro-ministro nem do presidente da República num único dia”.
Fernando Pimenta refere que estiveram presentes na competição o secretário de Estado do Desporto e o Ministro da Educação, “mas não são o primeiro-ministro e o presidente da República”.
“Acho que foi um grande falha num campeonato do mundo que se realizou em e que não se sabe quando teremos uma competição destas novamente em Portugal”, acrescenta.
Desportistas estão “a ser um pouco esquecidos”
Fernando Pimenta considera, questionado sobre apoios por causa da pandemia, que os desportistas estão “a ser um pouco esquecidos”. “Para o ano quando forem os Jogos Olímpicos, se tudo correr bem, vamos ser lembrados”, contrapõe.
“Estamos um bocado perdidos, sem saber se vai haver qualquer tipo de apoio, e se houver como vai ser feito”, nota, acrescentando que, “neste momento, ainda é cedo, o país está, aos poucos, a voltar à normalidade possível” e o tempo dirá “quais foram os efeitos também no desporto”.
Com o horizonte nos Jogos Olímpicos adiados para 2021, o canoísta limiano manteve-se a treinar “com todos os cuidados”, mas houve alguma perda de forma devido à necessidade de “diminuir a intensidade e volume de treinos para passar o menos tempo possível fora”.
“Agora é tentar voltar a ganha ritmo e recuperar a forma física para quando vierem as competições estarmos bem e podermos dar o nosso melhor sem correr o risco de lesão. E lutar sempre por um bom resultado por Portugal”, sentencia.
Fernando Pimenta, de 30 anos, é desde 2018 atleta do SL Benfica, depois de ter representado o Clube Náutico de Ponte de Lima.