Fernando é de Vizela, tem 78 anos e está prestes a concluir licenciatura na UMinho

Estudante afirma que a universidade é uma “segunda casa”
Fernando é de vizela, tem 78 anos e está prestes a concluir licenciatura na uminho

Fernando França Pereira tem 78 anos e está a terminar a licenciatura em Engenharia Têxtil na Universidade do Minho. Residente em Vizela, é no campus de Azurém, em Guimarães, que passa todas as suas manhãs e ao NÓS, jornal oficial da Universidade do Minho, conta que tem de estudar “dez vezes mais que os colegas da licenciatura em Engenharia Têxtil” e que a universidade é, para ele, “uma segunda casa”.

É o mais novo de oito filhos e quando terminou a 4.ª classe foi trabalhar para os negócios locais de Gondomar, onde nasceu, com apenas dez anos. Aos 14 anos, o tio ofereceu-lhe emprego numa loja de ferramentas e ferragens no Porto, onde trabalhou até aos 20 anos, quando foi para África.

Tinha sido destacado para a enfermaria na linha de frente do combate na Guiné, mas um problema de saúde fê-lo ficar em Portugal mais uns tempos. Viajou mais tarde para Moçambique, primeiro como empregado e depois criaria um negócio por conta própria. Por lá permaneceu 11 anos e casou por correspondência com a sua atual esposa. Lá nasceram duas das suas três filhas. Em 1974 veio, obrigado, para Portugal e nunca mais voltou a África.

Como dá conta a reportagem do jornal NÓS, após o regresso a Portugal comprou uma drogaria em Vizela, mas foi no negócio do tabaco onde cresceu profissionalmente. Em 1996, uma operação delicada fê-lo repensar a vida. A operação foi bem sucedida e voltou a abrir uma tabacaria. E nessa altura deciciu voltar aos estudos e completar o 12.º ano na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães.

Com algumas interrupções pelo meio, chegou finalmente à UMinho. Concluiu o curso de Preparação para Maiores de 23 anos em 2011/2012, e ingressou em 2012/13 na licenciatura de Estatística Aplicada, tendo feito algumas disciplinas. Depois mudou para Engenharia Têxtil.

Fernando, que não perde uma aula, não vai às festas académicas, embora aprecie as tradições, e garante que não se sente marginalizado, bem pelo contrário: “Sinto uma boa receção por parte de todos e acho que não tenho tratamento diferente”.

 
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