Foi descoberto mais um cadáver de lobo-ibérico, desta vez do lado de lá da fronteira entre Ourense e Trás-os-Montes.
A fêmea encontrada na passada quarta-feira por agentes ambientais da Junta da Galiza foi abatida com recurso a arma de fogo, segundo dá conta o jornal Faro de Vigo.
Esta morte é anunciada no dia seguinte à descoberta de dois lobos mortos em território português, também junto à raia.
Não há, para já, informações que apontem presumíveis autores deste abate que surge pouco mais de uma semana depois da aprovação daquele espécie como protegida em toda a Espanha e consequente proibição de qualquer abate de lobo.
Foi no dia anterior (terça-feira) que dois lobos foram encontrados mortos do lado de cá da fronteira, um em Xertelo, concelho de Montalegre, e outro em Rio de Onor, no concelho de Bragança.
Unha vez máis #AxentesAmbientais @Xunta @JoseGonVaz @AnxelesVazquez1 como #PolicíaAmbiental de #Galicia traballan na investigación para dar cos autores da morte doutra loba, desta vez en #AMezquita @LaRegion @TVGalicia @FaroOurense @Gconfidencial @EPGalicia @obloque @PSdeG pic.twitter.com/Sy3wWnYl4n
— UGTForestaisGalicia (@UGTForestaisGZ) February 17, 2021
São três mortes conhecidas só na última semana, afetando, ao que tudo indica, três alcateias.
Estima-se que em Espanha residam atualmente entre 2.000 a 2.500 lobos enquanto que do lado português existem cerca de 300, grande maioria concentrada na região transmontana e minhota.
Ao que apurou O MINHO junto de fonte oficial do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, entidade que monitoriza o lobo-ibérico no Norte de Portugal, existem entre 30 a 40 lobos em toda a região do Minho, com especial incidência na zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
O número é manifestamente reduzido, sendo que os restantes dois centos e meio estão dispersos por Trás-os-Montes e Alto Douro. Existem ainda algumas (muito poucas) alcateias a sul do rio Douro, mas a extinção nestes locais parece cada vez mais iminente.
Segundo o CIBIO, o lobo não representa ameaça direta ao ser humano, mas para os outros animais o perigo adensa-se.
Diz aquele instituto que cerca de 90% do alimento do lobo na região minhota são animais domésticos que andam a pastar nos montes e serras, muitas vezes em modo pastoreio autónomo, como bovinos e equídeos.
Outras presas são os corços e os javalis, que abundam na região de Trás-os-Montes, facilitando a sobrevivência e expansão do animal naquele território.
Apesar de poder passar vários dias sem comer, em média, um lobo adulto deve ingerir entre 3 a 5 quilos de comida por dia.
Se em Portugal o estatuto de conservação do lobo-ibérico aponta para uma espécie “em perigo”, em toda a Península o grau é “quase ameaçada”.
Em termos de proteção legal a nível internacional, o lobo-ibérico é uma espécie “estritamente protegida”, segundo a Convenção de Berna.
Já a nível nacional existe a lei de proteção do lobo-ibérico (Lei n.º 90/88 de 13 de agosto e Decreto-Lei 139/90 de 27 de abril) que a aponta como uma “espécie estritamente protegida em Portugal”.