ARTIGO DE OPINIÃO
Carla Pires
Enfermeira no Serviço de Neonatogia – Hospital de Braga. Educadora parental – Academia de Parentalidade Consciente (LIFE training). Instrutora de meditação e Mindfulness – Escola de Meditação para Crianças em Portugal.
O caminho que percorremos na parentalidade depende de muitos fatores, no entanto, acredito que todos temos o mesmo objetivo: que os nossos filhos sejam felizes!
Mas será que a mudança começa por eles ou por nós?
Eu gosto de definir parentalidade consciente como uma nova perspetiva em relação à forma como olhamos a educação e as relações que vamos desenvolvendo ao longo da nossa vida.
O nome parentalidade remete-nos para uma abordagem mais direcionada para a educação dos nossos filhos, no entanto, este novo paradigma abrange todas as relações que desenvolvemos e tem como valores de base o “igual valor, o respeito pela integridade física e emocional, o respeito pela autenticidade e a responsabilidade pessoal“.
Permite-nos também, compreender que a forma como vivemos a nossa parentalidade e as relações no geral, tem muito mais a ver connosco que com o comportamento dos outros.
Tendo isto como ponto de partida, conseguimos percorrer um caminho mais consciente, descobrindo a cada passo, o impacto que as nossas necessidades, emoções e experiências da nossa infância, têm na forma como nos relacionamos com os outros, mais especificamente com os nossos filhos. Gerando assim um ambiente emocionalmente mais seguro e acolhedor, para educar e desenvolver relações saudáveis e felizes na base do amor e do respeito, não a partir do padrão a que fomos sujeitos, mas sim alinhados com os nossos valores e intenções.
Claro que tomar esta consciência e pôr em prática requer uma atitude realista, resiliente e paciente – quando temos uma tendência natural para querer resultados imediatos e perfeitos- , pois vivemos a um ritmo alucinante onde tudo nos é exigido e existe pouco tempo e flexibilidade para tomarmos consciência daquilo que queremos, fazemos e sentimos.
A perfeição não existe e se vivermos agarrados a essa ideologia, nunca iremos encontrar o nosso caminho e para que este se torne mais fácil, podemos começar por definir as nossas intenções. Ou seja, devemos tomar consciência de qual o caminho que queremos percorrer, como e segundo que valores.
Estas intenções servirão de uma espécie de guia para que sempre que nos desviarmos daquilo que para nós é o caminho mais “certo”, possamos recorrer a ele, para recomeçar com muita compaixão.
Já diz o provérbio: “Devagar se vai longe.”
Pais felizes educam naturalmente filhos felizes.