A feira de Barcelos reabriu hoje apenas para o setor alimentar e com muitas regras de segurança e higiene para conter a propagação da pandemia de covid-19.
O recinto, de 14 mil metros quadrados, apenas uma parte da totalidade do Campo da República, que é ocupado por completo em dias de feira “normal”, está vedado.
As entradas e saídas são controladas por funcionários da Câmara Municipal e PSP de Barcelos.
À entrada são oferecidas máscaras, há desinfetante para as mãos e os serviços de Fiscalização municipal entregam um folheto com as regras a serem cumpridas: usar máscara e manter uma distância social de dois metros.
Normas que O MINHO verificou no local estarem a ser cumpridas. Toda a gente usava máscara, tanto clientes como feirantes – e alguns comerciantes também tinham viseiras. É a nova normalidade.
E as bancas dos 250 feirantes – 170 comerciantes e 80 produtores agrícolas, segundo o presidente da Câmara – estavam distantes entre si.
Às primeiras horas da manhã, movimento na feira era algum – obviamente, muito distante do que seria em condições normais – e tudo parecia funcionar bem.
Não havia filas para entrar, as pessoas tinham espaço para circular livremente e em segurança.
“Se isto não abrisse, não sei como ia ser”
Entre os feirantes e cliente trocavam-se impressões sobre o vírus. Há quem ache que “o pior já passou” e quem riposta que ainda está para chegar agora com o desconfinamento.
É uma altura excecional e toda a gente está a aprender a lidar com ela. E andar sempre de máscara é uma dessas aprendizagens.
“O mal é uma pessoa falar”, afirma a O MINHO uma comerciante que preferiu não se identificar.
Uma cliente, que preferiu não dar o nome, mantém-se cética quanto ao uso da máscara no mercado, uma vez que o espaço é ao ar livre: “Aqui dentro [da feira] temos que usar e lá fora não”.
“É também para proteger os produtos”, alerta, de imediato, uma feirante.
O regresso da feira semanal de Barcelos, das maiores do país, agradou aos comerciantes. “Estávamos a sentir falta, mas isto nunca mais vai ser como dantes. Toda a gente tem receio, as pessoas vão às grandes superfícies”, nota um comerciante com quem O MINHO falou.
A reabertura da feira apenas foi anunciada na terça-feira e há a expectativa nos feirantes de na próxima semana já haver mais compradores.
Ana Ribeiro, produtora agrícola local, considera que “é bom” o regresso do mercado semanal, “porque a gente estava desanimada”.
“Se isto não abrisse, não sei como ia ser, porque isto estava a ficar muito mau”, realça a feirante, traçando uma avaliação positiva deste primeiro dia de feira condicionada.
“Está bom, tudo muito controlado. O espaço está muito bem organizado, agora esperamos que corra tudo bem”, afirma Ana Ribeiro, por debaixo da máscara que “é um castigo”. “Deus queira que isto passe depressa, porque a máscara incomoda muito, a gente não pode falar”, reforça.
Feira esteve dois meses suspensa
A última feira de Barcelos havia sido a 12 de março. Esteve praticamente dois meses suspensa. A nível local, o PCP e e PSD reclamavam a sua reabertura, apenas com produtos alimentares, como forma de apoio aos comerciantes e produtores locais.
Após o anúncio da retoma da feira, o PSD local reagiu, lamentando “a longa demora na reabertura da feira de produtos alimentares e o elevado prejuízo causado aos produtores agrícolas e comerciantes, bem como aos consumidores, pelo seu encerramento durante quase dois meses, enquanto outros municípios mantiveram as suas feiras em funcionamento”, numa referência a Famalicão.
A reabertura da feira só para o setor alimentar foi anunciada pelo presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, sublinhando que este primeiro dia seria uma “experiência para ver como corre” e que os problemas que surgissem seriam posteriormente retificados.
Barcelos tem 226 casos confirmados de covid-19, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Portugal contabiliza 1.089 mortos associados à covid-19 em 26.182 casos confirmados de infeção.
O país entrou domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.