Faz hoje 896 anos que em Guimarães aconteceu a batalha que originou Portugal

São Mamede
Imagem: DR

A Batalha de São Mamede, realizada em Guimarães e que deu origem à fundação do reino de Portugal por D. Afonso Henriques, faz hoje 896 anos.

Segundo o  município de Guimarães, o 24 de junho de 1128 representa o “Dia Um de Portugal”, iniciando a Fundação de Portugal, uma data considerada como “a primeira tarde portuguesa pelo historiador José Mattoso”.

Nessa data, um jovem Afonso Henriques unia-se aos restantes cavaleiros do Norte de Portugal para combater os galegos, incluíndo a sua mãe, Teresa de Leão, que liderava o então Condado Portucalense.

A batalha terá ocorrido no Campo de São Mamede e os rebeldes do condado venceram, dando início à expulsão dos ‘mouros’ e à formação do território de Portugal continental, até Afonso Henriques ter sido coroado rei e o Papa reconhecido o condado como um reino de facto.

A Câmara assinala assim o Dia Um de Portugal, esta segunda-feira, com hastear das bandeiras, inauguração da requalificação do Centro Cívico das Taipas e do Centro de Artes e Ofícios dos Fornos da Cruz de Pedra.

Durante a tarde há missa solene na Igreja Senhora da Oliveira e uma cerimónia de homenagem junto à estátua de D. Afonso Henriques, marcada para as 18:15 horas.

A sessão solene evocativa do 24 de Junho de 1128 decorre a partir das 21:30.

Só 51 anos depois da batalha é que Portugal passou a ser um reino

Foi só em 23 de maio de 1179, cerca de 51 anos depois da batalha de São Mamede, que o Vaticano reconheceu Portugal como um reino independente e D. Afonso Henriques como seu primeiro rei, por ter ficado provado que os seus feitos o mereciam, ou seja, “manisfestis probatum”.

A Afonso não bastou derrotar os barões galegos, teve também de provar à cimeira católica que conseguia criar um reino sob o nome de Cristo, expulsando ou convertendo as restantes religiões, sobretudo a muçulmana, que se instalara em grande parte da Península Ibérica.

Contudo, Afonso Henriques intitulava-se rei de Portugal desde 1139, muito antes de ter sido reconhecido, isto depois de vencer a também épica Batalha de Ourique.

Mapa político da Península Ibérica no ano 1000. Fonte: Wikipedia

No entanto, só na Conferência de Zamora em 1143, Afonso VII, rei de Leão e Castela, reconhece a independência do Condado Portucalense e Afonso Henriques como rei de Portugal. Mas faltava o reconhecimento oficial da Igreja.

O representante do Papa naquela conferência chama a Afonso Henriques apenas dux portucalensis, e nada de rei. O problema para o nobre de Guimarães é que, naquela época, em plena Idade Média, o Papa detinha grande autoridade sobre o poder dos reis, pelo que o seu reconhecimento era fundamental para ser realmente reconhecido como tal por entre os parceiros católicos.

Depois de longas negociações diplomáticas, surge finalmente a Bula Manifestis Probatum, de 23 de maio de 1179, em que o Papa Alexandre III reconhece, de direito, o reino de Portugal e o título de rei a D. Afonso Henriques,

Bula Manifestis Probatum do Papa Alexandre III pela qual é reconhecido o Reino de Portugal

Sabemos por evidentes sucessos que como bom filho e príncipe católico
tendes feito vários serviços à sacrossanta Igreja, vossa mãe, destruindo valorosamente os inimigos do nome cristão, dilatando a fé católica por muitos trabalhos de guerra e empresas militares [...] 
Por isso nós concedemos à tua excelência e autoridade, e confirmamos por autoridade o Reino de Portugal com a integridade das honras e a dignidade de Reino que aos reis pertence, e também todas as terras que, com auxílio da graça celeste, arrebatares das mãos dos Sarracenos[...]

Por Frei António Brandão em Crónica de D. Afonso Henriques (em português atual)
Bula Manifestis Probatum – 1179. Fonte: Torre do tombo

A bula reconheceu também D. Afonso Henriques como “intrépido destruidor dos inimigos dos cristãos, diligente propagador da fé, bom filho da Igreja e príncipe católico, exemplo digno de imitação para os vindouros”, reconhecendo também o reino de Portugal.

Coroado pelo Arcebispo de Braga

Conforme mencionado, cerca de 40 anos antes do reconhecimento papel, já Afonso Henriques se proclamava Rei de Portugal. Foi a 26 de julho de 1139 que o arcebispo de  Braga colocou a coroa dos reis godos na cabeça daquele que passava a ser o primeiro monarca da nação. D. Afonso Henriques tinha acabado de vencer, no dia anterior, a Batalha de Ourique, contra povos muçulmanos, abrindo assim espaço para a conquista da região sul do Portugal atual, que seria continuada pelos seus descendentes.

Reza a história que Lourenço Viegas, filho de Egas Moniz, disse ao arcebispo para, caso fosse sua vontade, lhe dar a insígnia real, o que foi acedido pelo religioso. Terá sido na mesma altura que os cavaleiros, em conjunto com o recém-empossado rei, alçaram espadas para proclamar a independência do rei e de Portugal.

 
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