Faz hoje 104 anos que Nossa Senhora terá aparecido a um pastor em Ponte da Barca

Senhora da Paz

Foi há 104 anos que o menino pastor Severino Alves diz ter avistado uma aparição de Nossa Senhora no lugar de Barral, freguesia de Vila Chã (São João), em Ponte da Barca. O avistamento terá ocorrido dois dias antes das aparições da Cova da Iria, em Fátima, e ainda hoje este pequeno santuário minhoto parece caído no esquecimento do imaginário católico, dada a força que a história de Lúcia, Jacinta e Francisco granjeou na comunidade portuguesa.

Foto: Fernando André Silva / O MINHO

Foi no dia 11 de maio de 1917 que o jovem pastor avistou um relâmpago, como dá conta Luíz Arezes, historiador que escreveu o livro “Centenário das Aparições no Barral”, editado em 2017. Terá então ouvido uma voz a pedir para que não se assustasse. À semelhança de Fátima, pediu a Severino para “rezar” e contar a todos a “boa nova” de que o lugar era sagrado.

Santuário da Senhora da Paz. Foto: Fernando André Silva / O MINHO

E assim fez o jovem pastor, recolhendo incredulidade de uns e devoção de outros. O caso depressa chegou à arquidiocese de Braga, mas o arcebispo de então achou por bem não se fazer nada e esperar para que o milagre fosse comprovado. A história acabou por cair no esquecimento geral e apenas os habitantes daquele pequeno lugar iam colocando “umas velinhas” para recordar o fenómeno.

Em Fátima desobedeceram à Igreja

De acordo com a Confraria de Nossa Senhora da Paz, o possível motivo das aparições de Ponte da Barca não serem tão conhecidas prende-se pela construção tardia de uma capela ou imagem que assinalasse as mesmas.

Gabriel Souto, da Confraria de Senhora da Paz. Foto: Fernando André Silva / O MINHO (Arquivo 2020)

Gabriel Souta, da confraria, explicou que em Fátima, as pessoas desobedeceram às ordens da Igreja Católica e construíram logo uma capela.

O santuário barquense existe há cerca de 50 anos, quando em 1967 aqui foi colocada uma imagem. Dois anos depois, a 24 de junho, foi inaugurada a capelinha e só nos anos 70 foi construída a cripta subterrânea que assinala o local exato da aparição.

Capela da Senhora da Paz. Foto: Fernando André Silva / O MINHO
Foto: Fernando André Silva / O MINHO

O ‘milagre’ de Barral só ganharia força aquando do cinquentenário das aparições de Fátima, quando o cónego Avelino Costa, natural da freguesia, foi convidado pelo santuário mariano para fazer uma conferência e disseram-lhe lá que havia uma noticia num jornal da época que dava conta da aparição se ter realizado primeiro em Ponte da Barca.

Jornal Echos do Minho deu conta do relato da aparição. Foto: DR

E só aí se iniciou todo o processo para tornar o lugar de Barral numa nova rota mariana e durante os anos 70 e 80 houve uma grande afluência, mas com o virar do milénio, começou a decrescer, depois da morte do cónego.

A partir do ano 2000 começou a ter mais gente ao longo do ano. Atualmente, e foram do contexto pandémico, cinco mil pessoas passam pelo Barral na altura das peregrinações de maio. Em 2019, cerca de 10 mil peregrinos assinaram o livro de visitas.

Foto: Fernando André Silva / O MINHO
Foto: Fernando André Silva / O MINHO
Foto: Fernando André Silva / O MINHO
Foto: Fernando André Silva / O MINHO
Foto: Fernando André Silva / O MINHO

Para com Fátima, a confraria da Senhora da Paz assegurou não existir rivalidade: ”Nós também lá vamos em peregrinação, mas aqui é diferente, é mais recatado e acolhedor, com mais sombra e mais verde”, à boa maneira do Minho.

Foto: Fernando André Silva / O MINHO
Foto: Fernando André Silva / O MINHO

O santuário da Senhora da Paz conta hoje com uma capela, uma igreja, um museu, espaço de merendas e várias imagens que recordam Nossa Senhora, o pastor Severino e o cónego Avelino, com o ponto alto das celebrações a dar-se precisamente a 11 de maio.

 

A Eucaristia Comemorativa tem início pelas 19:30, na Igreja do Imaculado Coração de Maria.

 
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