Fármaco desenvolvido para combate ao cancro da mama usa composto encontrado nos brócolos

Saúde
Fármaco desenvolvido para combate ao cancro da mama usa composto encontrado nos brócolos

Um novo fármaco baseado num composto natural encontrado em brócolos, couve de Bruxelas e outros vegetais pode ser eficaz para reverter ou mesmo impedir a resistência à terapia hormonal do cancro da mama, segundo um estudo científico.

O português Bruno Simões e outros cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, descobriram que o medicamento SFX-01 poderá reverter ou mesmo impedir a resistência ao tratamento por bloquear uma via de sinalização importante do cancro chamada STAT3.

O fármaco foi desenvolvido com uma empresa britânica que estabilizou o composto sulforafano, que investigadores norte-americanos já tinham demonstrado ter efeitos no tratamento do cancro, e que Bruno Simões e os colegas testaram em ratinhos para garantir que a molécula estabilizada tinha o mesmo impacto.

Posteriormente foi feito um teste clínico com mais de 40 doentes, que concluiu que 25% deles viram o seu cancro parar de progredir durante os seis meses que receberam tratamento.

“Muitos destes cancros acabam por desenvolver resistências aos tratamentos. O que demonstrámos é que este composto consegue eliminar células resistentes ao tratamento”, disse à Agência Lusa o português, que é investigador num grupo liderado por Rob Clarke.

O cancro da mama é um dos mais frequentes no Reino Unido, afetando cerca de 55.000 mulheres e 370 homens anualmente.

O resultado do estudo foi publicado no sábado na publicação ‘Oncogene’, ligada à revista científica Nature, e representa, segundo o português, um exemplo de investigação translacional, que partiu de uma investigação básica do mecanismo biológico e teve uma aplicação real, estando agora em testes clínicos.

Este fármaco vai continuar a ser desenvolvido com mais testes clínicos para testar a eficácia, mas Bruno Simões, que fez licenciatura na Faculdade de Ciências, em Lisboa, e concluiu o doutoramento em Bilbao, em Espanha, pretende concentrar-se na investigação de mecanismos de prevenção.

“Quando o cancro da mama chega a um estado avançado, por mais drogas que tentemos usar só conseguimos atrasar um pouco a progressão, mas é difícil controlá-lo. Estamos interessados em estudar casos de mulheres de alto risco para identificar drogas que possam prevenir o cancro de ocorrer”, adiantou.

 
Total
0
Shares
Artigo Anterior
Sequelas em doentes mais graves ainda estão por compreender, dizem especialistas

Sequelas em doentes mais graves ainda estão por compreender, dizem especialistas

Próximo Artigo
Incêndio em poste de eletricidade provoca falhas de luz em barcelos

Incêndio em poste de eletricidade provoca falhas de luz em Barcelos

Artigos Relacionados