A câmara de Famalicão decidiu candidatar a fundos comunitários um eixo rodoviário para servir a zona sul do concelho, ideia “sustentada” na projeção de que empresas ali localizadas venham a fazer investimentos na ordem dos 250 milhões de euros.
A autarquia de Famalicão assinou esta segunda-feira protocolos com 14 empresas de vários setores, bem como com o Centro Nanotecnologia Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI) e o Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (CITEVE), estimando que surja um aumento de investimento na região a rondar os 55 milhões de euros e a criação de 491 postos de trabalho no período 2014/2020.
O presidente da câmara, Paulo Cunha, somou a estes valores, relacionados com projetos regionais, o facto de as empresas terem comprometimentos de caráter nacional (cerca de 40 milhões) e europeus (150 milhões), o que totaliza 250 milhões de euros.
“Os fundos comunitários que permitem construção rodoviária estão indexados a investimento. No país não são muitas as regiões que permitem uma candidatura a estes fundos porque não são tantas onde estão concentradas tantas projeções de investimento como é este caso”, referiu Paulo Cunha ao anunciar que a câmara vai candidatar-se à construção de um eixo rodoviário.
Em causa estão os acessos às áreas empresariais de Ribeirão e Lousado, envolvendo caminhos e estradas municipais de ligação à Estrada Nacional 14 que liga Famalicão à Trofa e à Maia, distrito do Porto.
Paulo Cunha avançou que este projeto não deve custar menos de 30 milhões de euros e para a autarquia não existe “plano B” caso Bruxelas não aceite a candidatura que Famalicão pretende formalizar junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte ainda esta semana.
“Se esta candidatura não for viável, não aceito e não entendo que possa existir outra que o seja na região Norte. Este quadro comunitário tem uma meta, uma métrica, uma matriz. Diz claramente que só é feito investimento público se existir privado que o justifique”, disse.
O autarca vincou que o eixo “é necessário para a força empresarial que já existe” e “decisivo para a alavancagem dos projetos previstos”, reforçando que em causa está dotar as empresas de melhores condições para conseguirem “alimentar melhor” o Produto Interno Bruto, “exportar mais” e criar emprego.
Esta opinião foi acompanhada pelos empresários presentes na cerimónia com Ângelo Mesquita da CUP&SAUCER – empresa ligada às porcelanas que tem atualmente 200 trabalhadores e a curto prazo prevê integrar mais 20 – a confirmar que neste momento “luta contra constrangimentos rodoviários”.
Já Celso Lopes da Irmãos Vila Nova – que detém, entre outras, a marca Salsa, tendo lojas fora do país, nomeadamente no Médio Oriente, – afirmou que as “infraestruturas rodoviárias atuais não estão adequadas à realidade”, pelo que “obrigam a um planeamento complexo para fugir aos horários de maior fluxo de trânsito”.
A candidatura que Famalicão pretende fazer surge no âmbito do “Concurso de Pré-Qualificação a Operações de Acolhimento Empresaria” e além de estrada, o município quer implantar sinalética informativa e direcional nas vias de acesso e áreas de acolhimento empresarial e dinamizar a criação de uma unidade técnica de gestão.
As empresas também se propõem a alargar a sua presença no mercado internacional para mais 13 países e a aumentar as parcerias com entidades não empresarias ligadas à Inovação e ao Desenvolvimento, nomeadamente o CeNTI e o CITEVE, centros localizados em Famalicão, o concelho mais exportador da região Norte e o terceiro a nível nacional.