Famalicão: Pasta de coca vinha dentro de cocos para abastecer laboratórios artesanais

PJ apreendeu mais de 800 kg
Foto: DR

A Polícia Judiciária (PJ) fez nove detenções e 55 buscas numa operação contra o tráfico de droga em várias regiões do país, incluindo Famalicão, levando à apreensão de mais de 800 quilos de pasta de coca, anunciou hoje a PJ.

Segundo um comunicado da Polícia Judiciária, a operação denominada “Bola de Neve” desmantelou uma rede criminosa organizada que se dedicava ao abastecimento de laboratórios de produção de droga nas regiões do norte, centro e de Lisboa e Vale do Tejo, numa investigação em curso desde o início do ano, a cargo dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga e de Leiria, com o apoio da Diretoria do Norte e da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes.

As detenções foram feitas por alegada prática dos crimes de tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa, branqueamento de capitais, resistência e coação sobre funcionário e condução perigosa de veículo rodoviário. Os suspeitos foram já presentes a juiz para primeiro interrogatório judicial, tendo ficado sujeitos à medida de coação de prisão preventiva.

A operação, que foi desencadeada em Vila Nova de Famalicão, Matosinhos, Maia, Paredes, Leiria, Óbidos, Caldas da Rainha, Alfeizerão, Coruche e Azeitão, identificou uma célula no norte de Portugal que comprava grandes quantidades de produtos químicos para abastecimento dos laboratórios artesanais, sendo depois a droga enviada para outros países por via rodoviária.

“Este grupo organizado, de cariz internacional, dedicava-se também ao tráfico de estupefacientes (cocaína-base), importados por empresas de fachada, devida e legalmente constituídas, a partir de um país da América do Sul. A droga vinha dissimulada no interior de cocos e depois era extraída e transformada em cloridrato de cocaína em laboratórios artesanais montados para o efeito”, revelou ainda a PJ.

A Polícia Judiciária salientou a apreensão de cerca de 830 quilos de pasta de coca em armazéns nos concelhos de Alcobaça e Pombal, além de “centenas de litros de químicos, benzinas, ácidos, precursores e outros, bem como toda uma estrutura apta a transformar pasta de coca em cloridrato de cocaína”.

Avelino Lima, diretor da Polícia Judiciária de Leiria. Foto: DR

Foram ainda apreendidos cerca de 31.500 euros em dinheiro, documentos, 12 veículos, dois empilhadores e um monta-cargas, material de corte e transformação da droga, aparelhos de comunicação e outros dispositivos eletrónicos para contra vigilância, armas de fogo e munições.

O diretor do Departamento de Investigação Criminal de Leiria da PJ, Avelino Lima, disse à agência Lusa que dos arguidos, todos portugueses, a maioria tem histórico relacionado com o narcotráfico.

Avelino Lima precisou que o processo passava por substituir, na origem, o sumo de coco por pasta de cocaína.

“Depois, o coco era fechado e expedido, em contentores, como se fosse fruto, para o circuito comercial normal”, adiantou este responsável, referindo que a carga chegava a um porto da região de Lisboa, onde “escapava por completo ao controlo das autoridades alfandegárias, dada a forma de acondicionamento e de profissionalismo da organização criminosa”.

Avelino Lima precisou que foram duas operações feitas por duas unidades da Judiciária, que se articularam.

“A organização tinha duas facetas, a importação dos cocos e a importação dos químicos e montagem de laboratórios artesanais necessários para a transformação da pasta de cocaína”, explicou, frisando tratar-se de “organizações com grandes dimensões, que trabalham em rede e com extensões em vários pontos do território nacional”, além de que possuem “enorme capacidade” operacional.

O diretor do Departamento de Investigação Criminal de Leiria da Judiciária salientou ainda que o trabalho realizado em “polos distintos do país” desta polícia, de forma “articulada e coordenada”, permitiu produzir o resultado hoje divulgado.

 
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