A Cimenteira do Louro, empresa de Famalicão líder na produção e exportação de produtos em betão, está a acumular em armazém a carga de 450 camiões que já devia ter seguido para França por falta de transporte.
Em declarações ao jornal Expresso, o administrador Dinis Silva salienta que “dão 2 milhões de euros de encomendas para França que “podem ser perdidos e trazer mais perdas no futuro”.
E acrescenta: “Não conseguimos entregar a encomenda simplesmente porque não há camiões para levar a carga. É um enorme constrangimento na nossa atividade”.
A Cimenteira do Louro, com vendas de 22 milhões, 45% das quais na exportação para 40 mercados, com destaque para o francês, admite estar “a atravessar uma fase ainda mais dura do que no pico da pandemia”
“Em março de 2020, quando as lojas fecharam, tínhamos 28 camiões em França que não conseguiram descarregar e alguns tiveram de voltar com a mercadoria. Foram dois meses difíceis, com perda de faturação de 70% e recurso ao ‘lay-off’. Felizmente, depois conseguimos dar a volta e o ano acabou por fechar com um crescimento de 19%”, recorda Dinis Silva ao Expresso.
Agora, são 450 camiões que não foram carregados, ou seja tem a carga armazenada na empresa, com mais de 200 mil metros quadrados de área.
“Estamos a falar de cerca de 2 milhões de euros relativos a um produto sazonal, para piscinas e jardins, que se não seguir brevemente, acabará por não se vender e, para o ano, pode já não estar em cartaz”, lamenta o administrador.
Dinis Silva afirma que a empresa tem andado “a bater à porta das transportadoras, uma a uma”, mas estas “dizem que não têm camiões para o transporte, basicamente porque com a disrupção logística não têm carga para os encher no regresso a Portugal”.
O empresário salienta, ainda, que os preços do transporte rodoviário para França já aumentou este ano dos 1.500 para 1.900 euros e “mesmo assim não há quem o faça”. Apenas uma empresa se disponibilizou para tal, mas pelo dobro do valor habitual, o que “implicaria um prejuízo significativo” na encomenda.
Este mês, vão sair apenas 60 camiões dos 80 previstos, sendo que por ano costumam sair três mil.
A Cimenteira do Louro foi fundada em 1975 na freguesia com o mesmo nome e tem atualmente cerca de 150 trabalhadores.