Declarações após o Vitória SC–Santa Clara (1-1), jogo da 32.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães:
Pepa (treinador do Vitória SC): “Faltou-nos tudo. Foi tudo mau de mais para ser verdade. Houve precipitação, falta de intensidade, falta de andamento. Estivemos a 10 pontos do quinto lugar, conseguimos encurtar para cinco e, nestas duas últimas jornadas, poderíamos depender só de nós. Estamos tristes. Temos de ter mais tranquilidade e mais estofo. Temos de ser muito mais agressivos sobre a bola. O Santa Clara foi superior a nós.
Nesses 30 [primeiros] minutos em que fomos ‘zero’, tivemos a felicidade de marcar um golo. Era injusto vir para o intervalo a ganhar 1-0, mas não tivemos capacidade para pegar na bola.
Ainda tudo é possível. Vamos acreditar até ao fim, mas como é que podemos olhar para o quinto lugar quando fazemos este jogo? O próximo jogo é na sexta-feira [com o Boavista] e temos de dar outra imagem, porque não somos isto. Somos muito mais do que isto.
Temos de crescer com estas situações, mas já estamos a duas jornadas do fim. Temos de ter mais estofo para lidar com os objetivos. Podemos errar em algumas coisas, mas não podemos ter este tipo de atitude. Temos de ter mais ‘sangue na guelra’. Estivemos muito pálidos, muito pouco agressivos, com pouca procura da profundidade. Tivemos bolas nos corredores, mas não cruzámos.
Alimentámos isto, recuperámos muitos pontos e é frustrante quando temos as coisas à nossa mercê. Empatar um jogo, com a sensação de que estivemos distantes do que podemos, é inadmissível.
Não podemos ter motivação maior do que representar o Vitória [nos dois jogos que faltam]. Em relação a tudo o resto, temos de perceber o que não conseguimos hoje. Queremos uma resposta completamente diferente na sexta-feira.”
Mário Silva (treinador do Santa Clara): “Na primeira parte, fomos para o intervalo a perder de forma injusta. A equipa dominou praticamente toda a primeira parte em termos de posse de bola. Sofremos um golo contra a ‘corrente do jogo’. Tivemos um golo anulado ‘estranho’, mas parece que estava por poucos centímetros fora de jogo.
Disse aos jogadores que, se perdêssemos jogos a jogar desta forma, poderíamos perder todos [os jogos] até ao fim. Não gosto de perder, mas tinha a certeza absoluta de que se fizéssemos o que estávamos a fazer, iríamos dar a volta ao resultado. Fazer o que fizemos aqui hoje foi mais uma página ‘bonita’ nesta época. Disse ao intervalo que estava a dar-me um prazer enorme ser treinador destes jogadores.
Merecíamos outro resultado. Sabíamos que iria ser muito difícil conseguir pontos aqui, face à envolvência deste jogo, mas, face ao que se passou, poderíamos conseguir os três pontos. Infelizmente, isso não aconteceu. Não foi só demérito do Santa Clara. Houve muito mérito do Santa Clara. Estou muito orgulhoso do que os jogadores fizeram.
Queríamos ganhar. Não tivemos pressa em fazer as coisas. É normal que, perante o poderio de uma equipa como o Vitória de Guimarães, com excelentes executantes, tivéssemos de defender. Mas defender não quer dizer que tivéssemos de deixar de atacar. Achámos que defender com uma ‘linha’ de cinco era importante para ganhar o jogo. Sabíamos que o Vitória tinha tirado um central e sabíamos que, numa transição, poderíamos ter ganhado o jogo. Em alguns momentos no último terço, poderíamos ter definido melhor [os lances].
Quero que os jogadores desfrutem da nossa ideia de jogo. Mesmo aqueles jogos que perdemos, só dois na segunda volta, os jogadores saíram satisfeitos. Privilegio muito a felicidade do jogador. Não tínhamos nenhum objetivo de competições europeias. O que fizemos na segunda volta foi brilhante. Para os próximos dois jogos, queremos que os jogadores desfrutem e continuem a ter sucesso. Vamos ter dois jogos muito difíceis, com Paços de Ferreira e Sporting, mas vamos tentar fechar a época de forma muito competitiva.
Mais importante do que a minha vida profissional, era o Santa Clara. Tínhamos de jogar com o Vitória de Guimarães e o nosso único foco foi o jogo. Já disse várias vezes que as pessoas estão felizes comigo. Poderá acontecer alguma coisa na próxima semana ou daqui a duas semanas. Tanto da parte do Santa Clara, como da minha, há uma grande vontade de continuarmos juntos.”