Fafe vai recriar, no fim-de-semana, o período histórico em que centenas de residentes emigraram para o Brasil, onde alguns fizeram fortuna e regressaram para investir na terra natal, construindo palacetes que ainda hoje marcam a paisagem local.
Dois desses palacetes, atualmente ocupados pela casa da cultura e pelo arquivo municipal, vão acolher várias atividades culturais de música, teatro e dança, para além da gastronomia dos dois lados do Atlântico, tendo como pano de fundo o período entre 1890 e 1915.
Pompeu Martins, vereador da Cultura, disse esta segunda-feira que o evento vai voltar “a marcar Fafe, reforçando a ligação do concelho ao Brasil”.
“A iniciativa Fafe dos Brasileiros procura homenagear a emigração para o Brasil, do século XIX, muito característica em Fafe, que deixou marcas, ao ponto de ainda hoje haver quem diga que Fafe é a cidade mais brasileira de Portugal”, explicou.
A atividade tem os apoios do Ministério da Cultura do Brasil, através da Plataforma Fafe Cidade das Artes, e do Estado de Sergipe, no norte daquele país sul-americano.
Para a praça 25 de abril, o “coração” da cidade, onde pontificam vários exemplos de arquitetura brasileira, com as suas bonitas sacadas com grades de ferro, coloridos azulejos e grandes claraboias, vão estar montados dois palcos, um dedicado ao Brasil e outro a Portugal.
Na sexta-feira, primeiro dia do evento designado “Fafe dos Brasileiros”, haverá jogos tradicionais, projeção de cinema mudo, música e exposições que homenageiam as duas culturas.
O final da noite ficará marcado por um baile de época, no arquivo municipal, aberto à população.
Para sábado, estão previstas visitas guiadas pelo património arquitetónico dos “brasileiros de torna-viagem”, como ficaram conhecidos aqueles empreendedores.
Naquele dia haverá também demonstrações de capoeira, recriações teatrais e momentos de fotografia, eventos que contam com o apoio da associação que representa os brasileiros que residem em Portugal.
No palco de Portugal ouvir-se-á fado. No palco do Brasil, Kelly Rosa vai fazer uma atuação de chorinho.
Ainda para a noite sábado, no arquivo municipal, anuncia-se uma performance teatral, em torno do imaginário dos antigos cabarés brasileiros.
O domingo ficará marcado pelo cortejo histórico, com cerca de um milhar de figurantes, no qual as freguesias e associações do concelho desfilarão pela cidade, com cenas e carros alegóricos que evocarão aquele período histórico.
Nos três dias, vão ser também distribuídos jornais de época pelos cafés, nomeadamente o “Jornal do Recife” e “O Desforço”, nas suas edições de 1915, agora reimpressas.
A propósito do evento, o vereador assinalou que a influência dos brasileiros “torna-viagem” faz-se sentir na arquitetura de vários edifícios, incluindo o hospital da cidade e o jardim do calvário, para além dos vários palacetes que dão corpo ao casco histórico da urbe minhota.
Também de sexta-feira a domingo, mas noutra zona da cidade, decorre a segunda edição do Festival Gastronómico da Vitela Assada à Moda de Fafe.
Pompeu Martins destaca a coincidência de os dois eventos vincarem a aposta que o concelho tem feito no turismo, traduzido, no próximo fim-de-semana na ligação entre os domínios da cultura, tradições e gastronomia.