Paula Veiga lidera a candidatura autárquica do “Nós Cidadãos”, para a Câmara de Viana do Castelo, com o apoio do Partido Popular Monárquico. Vereadora sem pelouro durante os últimos 4 anos, Paula Veiga abandonou há 5 meses o PSD e tornou-se vereadora independente no município. Além da política, a candidata do “Nós Cidadãos” é professora de educação especial, colaboradora e participante ativa, em vários movimentos de defesa ambiental, cofundadora dos grupos “Mulheres em defesa da Serra d’Arga” e “Portugal Unido pela Preservação da Natureza”.
Quais são as suas prioridades para o município de Viana do Castelo?
As minhas prioridades são fazer aquilo que nunca nenhum executivo fez por Viana do Castelo, ou seja, tornar a cidade uma verdadeira cidade de distrito e o concelho um verdadeiro líder no norte do país, líder em todos os setores, de forma a tornar este concelho inquestionavelmente competitivo. Neste momento este concelho apresenta um desenvolvimento assimétrico em muitas áreas, fruto de políticas desarticuladas e com falta de visão estratégica, o que o torna, claramente, menos competitivo.
Como caracteriza a concessão das águas do Alto Minho?
Esta concessão é um desastre completo, confirmado por acontecimentos sucessivos que lesaram em muito os cidadãos, como a cobrança indevida de valores incompreensivelmente inflacionados, que nem a falência do sistema informático, argumento utilizado, consegue justificar. Tudo o que aconteceu a seguir continua a confirmar que o sistema não beneficia ninguém, a não ser a própria empresa, com lucros que não têm revertido diretamente para os cidadãos. Em circunstância alguma esta concessão, ainda que “público-público” deveria beneficiar as Águas de Portugal em 51%, porque automaticamente estabelece uma relação de supremacia desta empresa relativamente aos municípios aderentes. O município de Viana do Castelo não precisava deste consórcio, uma vez que os seus serviços de abastecimento de água funcionavam de forma bastante eficaz. Se atendermos à justificação recorrente deste Executivo, que sempre justificou a adesão do município para potenciar a obtenção e uso dos fundos comunitários necessários ao volume de investimento necessário, facilmente se compreende que este é um falso argumento, já que, segundo o próprio Executivo, este tem uma gestão bastante eficaz dos fundos comunitários. Então qual o interesse em aderir ao consórcio? Uma mera questão política para tornar a água, um bem essencial que devia ser garantido quase gratuitamente, mais um bem comercial? Se olharmos ao que está a acontecer mundialmente percebe-se que o intuito final tem meramente a ver com a comercialização da água como mais um bem que teremos que pagar com valores inflacionados.
“Mas é necessário impedir que estas verbas [PRR] vão parar ao mercado especulativo de Habitação”
A economia do Alto Minho foi extremamente afetada pela pandemia da covid-19. Tanto pelo encerramento de fronteiras com a Galiza, como pelos sucessivos confinamentos. Como planeia aplicar o PRR e que incentivos propõe para a recuperação económica do concelho de Viana do Castelo?
Os incentivos a aplicar não podem ser meramente paliativos, como têm sido até ao momento. A pandemia da covid-19 teve repercussões e impactos sociais, económicos, políticos, culturais e históricos sem precedentes na história recente. A economia ressentiu-se e é preciso olhar para o tecido empresarial, para as famílias, para os desempregados e para os cidadãos de uma forma mais atenta, respondendo com medidas de apoio que efetivamente resolvam os problemas. Com a transferência de competências para as autarquias, estas passaram a ter um papel mais interventivo e resolutivo para fomentar medidas de apoio em todos os setores. Portanto, é evidente que as autarquias vão ter um papel fundamental na execução do PRR, em especial, no que concerne à Habitação, um setor em défice, em Viana do Castelo, que necessita de financiamento a custo zero no acesso à Habitação, designadamente através do Programa 1º Direito. A Habitação é uma das alavancas da recuperação económica de todo o país considerando, que pode ter múltiplos impactos em diversos setores da Economia. Mas é necessário impedir que estas verbas vão parar ao mercado especulativo de Habitação, como tem acontecido até ao momento. A estratégia de aplicação do PRR deve também passar pela descarbonização dos transportes públicos, outro setor deficitário no concelho, sendo inexistente uma política de mobilidade inter-freguesias. Por outro lado deve também haver uma forte aposta em certos investimentos sociais como os cuidados de saúde primários, em articulação com outros atores, como as misericórdias, mutualidades e IPSS. Estas são claramente apostas que vão criar mais condições e melhor qualidade de vida para as Pessoas, para os vianenses. O PRR também permite apoiar áreas económicas de localização empresarial, a fim de criar mais emprego, de maior qualidade e mais bem remunerado. Se apostarmos nestes vetores fundamentais estarão criadas condições para desenvolvermos o concelho de forma simétrica, transversal, permitindo criar um verdadeiro território de oportunidades para as pessoas se fixarem.
A exploração do lítio na Serra D´Arga preocupa a população do distrito. Como avalia a mobilização da indústria extrativa para a região?
Com a mobilização da indústria extrativa para esta região existe um risco eminente e uma forte probabilidade de algumas zonas da Serra d’Arga, sobretudo em zonas com passado mineiro, como é o caso da chamada zona “dos Verdes”, que abrange algumas freguesias de Viana do Castelo, serem afetadas por uma indústria extremamente agressiva em termos ambientais, que traz graves prejuízos e riscos para as populações que vivem nas imediações e para o património natural e ambiental deste território. Opomo-nos fortemente ao avanço da indústria extrativa para esta região. Consideramos que a exploração deste minério não traz qualquer vantagem e só tem um intuito cegamente económico, que não pode, em circunstância alguma, sobrepor-se às pessoas e à garantia de preservação do nosso património natural e ambiental, que é garante das gerações vindouras.
Os estaleiros navais de Viana do Castelo representam uma privatização de sucesso?
Sem dúvida alguma, porque todos os indicadores económicos revelam que a atividade que se desenvolve neste setor representa muito para o tecido empresarial do concelho e para o desenvolvimento local.
As respostas de habitação social em Viana do Castelo são suficientes para satisfazer as necessidades da população?
Se isso fosse verdade não teríamos no concelho o problema de habitação que facilmente constatamos. A procura é maior que a oferta, o que dá lugar à especulação de preços no setor habitacional. Contudo, consideramos que as necessidades de habitação não devem ser respondidas através de habitação social. Todas as medidas de apoio e fomento à habitação devem ter como base um pressuposto inclusivo, que não promova a criação de “guetos” sociais. Nessa medida, os apoios devem ser extensivos às classes mais vulneráveis e médias, com maior ou menor grau de apoio, consoante os casos, permitindo às pessoas opções que respondam às suas necessidades e de acordo com suas perspetivas de vida, apoiando quer o aluguer quer a aquisição de habitação.
“O atual executivo camarário está caduco e denota desgaste nas suas práticas autárquicas”
O Convento de São Francisco do Monte está abandonado. Evitando mais situações semelhantes, que medidas propõe para a preservação e conservação do Património de Viana do Castelo?
Para evitar situações semelhantes é necessário implementar uma forte política de reabilitação do património existente. Para isso será necessário reabilitar todo o património que esteja em piores condições, criando parcerias municipais com empresas locais do setor imobiliário, salvaguardando qualquer possibilidade de especulação nesta área, estabilizando os preços da habitação e do imóvel. Será necessário criar um Regulamento para a Proteção e Preservação do Património Material e Imaterial, que preveja medidas e mecanismos que possam estabilizar o setor imobiliário local e, por sua vez, proteger o património existente, que deve ser sustentavelmente preservado.
Como avalia a governação do atual executivo ao longo dos últimos 4 anos?
O atual executivo camarário está caduco e denota desgaste nas suas práticas autárquicas, estando viciado pela longevidade na governação. A sua gestão está desarticulada com a realidade local e as suas políticas não promovem um desenvolvimento setorial articulado, transversal e sustentável do concelho. Falta o diálogo com os interlocutores locais, sobretudo os munícipes, porque a gestão está centralizada e dominada por interesses externos aos locais.
Porque devem os vianenses votar na Paula Veiga?
Conhecendo a minha atuação em defesa das Pessoas e de causas, pela qual pugnei ao longo deste mandato como vereadora, é fácil depreender que para mim está claro como se deve governar – com e pelas Pessoas, em qualquer circunstância. Defendi causas desde sempre, por e para o bem comum. Como já tive oportunidade de expressar noutra entrevista, não são os interesses políticos que me movem, mas antes as causas, sobretudo as cívicas e sociais, caso contrário ter-me-ia sujeitado ao “jogo” partidário, à espera de contrapartidas e benefícios. Não o fiz e enveredei por um caminho que considero de evolução. O projeto eleitoral que apresento está delineado para corresponder às reais necessidades e interesses dos vianenses e não tem como fundamento qualquer tipo de ideologia política, nem à direita, nem à esquerda, nem ao centro, tendo como pressuposto principal corresponder à cidadania e às Pessoas. Estamos a trabalhar para todos os vianenses, com afinco e de forma empreendedora, com o espírito genuíno de promover a diferença e a mudança, para todos e por todos Nós, Cidadãos! Qualquer vianense consciente da sua cidadania sabe que é tempo de mudar os destinos de Viana do Castelo. Isso só é possível nas próximas eleições do dia 26 de setembro, votando num projeto governativo que possa realmente fazer essa diferença. Perante as atuais candidaturas só uma pode fazer essa diferença – a Candidatura pelo Nós, Cidadãos!