Ex-juiz negacionista detido pela PSP durante manifestação de extrema-direita em Lisboa

Imagens: X

O ex-juiz negacionista e líder do partido Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, foi hoje detido pela PSP no Largo de São Domingos, em Lisboa, após uma concentração de apoiantes da extrema-direita não autorizada.

Antes da detenção, a PSP avisou o ex-juiz de que estava a incorrer num crime de desobediência. Momentos depois Fonseca e Castro acabou por se entregar, criando momentos de tensão, o que exigiu a intervenção do dispositivo policial para conter a agitação.

Mais de uma centena de apoiantes de grupos de extrema-direita como o Habeas Corpus e o 1143 gritaram: “prendem um, prendem todos”.

Durante a concentração registaram-se alguns momentos de tensão entre elementos da extrema-direita e a maioria dos manifestantes antifascistas. “Fascistas, racistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora”, gritaram os manifestantes contra a iniciativa da extrema-direita, para a qual surgem alguns apoiantes, de forma isolada, e afirmam “Portugal é para os portugueses”.

“Somos todos antifascistas”, respondeu, em uníssono, o grupo de mais de uma centena de pessoas contra a ação da extrema-direita.

Estas iniciativas no Martim Moniz decorrem enquanto, ao mesmo tempo, na Avenida da Liberdade, muito próxima desta praça, decorre o tradicional desfile do 25 de Abril.

Em declarações à Lusa, Bruna Alves, uma das manifestantes contra a extrema-direita disse que se deslocou à Praça do Martim Moniz de forma espontânea, não tendo sido a indicação de qual organização nesse sentido.

De férias em Lisboa, natural de Guimarães, Bruna Alves disse que decidiu por iniciativa ir ao Martim Moniz antes de ir para o desfile da Avenida da Liberdade, para se manifestar “contra a violência da extrema-direita” e “a favor de uma postura humanitária de que os direitos humanos são para todos e não são só para os portugueses”.

Pelas 15:30, ainda não se verificava um grupo organizado da extrema-direita, surgindo, pontualmente, alguns elementos na Praça do Martim Moniz.

O partido Ergue-te e o movimento Habeas Corpus, com o apoio do grupo de extrema-direita 1143, anunciaram uma manifestação com “porco no espeto” no Martim Moniz, a partir das 15:00 desta sexta-feira, feriado do dia 25 de Abril de 1974 – Revolução dos Cravos.

A PSP deu um parecer negativo à realização desta ação e a Câmara Municipal de Lisboa seguiu a recomendação e a avaliação da PSP e não deu aval à realização das iniciativas de movimentos de extrema-direita marcadas para o Martim Moniz.

Mesmo existindo um parecer negativo da PSP e sem aval da CML, o presidente do Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, garantiu na quinta-feira, num vídeo partilhado nas redes sociais, que o partido se iria manifestar esta sexta-feira no Martim Moniz, a partir das 15:00, “para uma festa da família portuguesa, para uma celebração da portugalidade, mas sobretudo para uma demonstração de civilidade e de irmandade”.

No vídeo publicado em canais públicos do Ergue-te, anterior Partido Nacional Renovador (PNR), e partilhado por movimentos de extrema-direita, como o 1143, Fonseca e Castro defendeu que se trata de “um evento organizado por um partido político”, inserido na campanha para as eleições legislativas de 18 de maio, e, por isso, “não pode ser proibido”.

Nesse âmbito, o líder do Ergue-te acrescentou que o partido pediu um parecer à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e que este órgão permitiu a realização do evento como “se encontra configurado”.

No entanto, ainda na quinta-feira, fonte oficial da CNE negou ter recebido qualquer pedido de parecer do Ergue-te sobre a realização esta sexta-feira, 25 de Abril, de uma manifestação no Martim Moniz.

Sobre a possibilidade de uma manifestação convocada por um partido político poder ser proibida ou o seu percurso alterado, esclareceu que “não compete à CNE pronunciar-se sobre as circunstâncias de tempo, lugar e modo em que o exercício daquele direito se processa”.

 
Total
0
Shares
Artigos Relacionados