Ex-diretor da MAN voltou a negar corrupção nos TUB

Tribunal começou a ouvir testemunhas

O ex-diretor comercial da MAN-Portugal voltou hoje a negar em Tribunal ter participado em qualquer esquema de corrupção na venda de autocarros aos TUB- Transportes Urbanos de Braga. Luís Paradinha teve de repetir parte do depoimento prestado na sessão anterior, dado que as suas declarações ficaram mal gravadas.

Ao coletivo de juízes disse não saber explicar as acusações feitas em sede de inquérito pelo proprietário da MAN/Braga, Abílio Meneses da Costa (já falecido) : “sempre tive boa relação com ele, mas, a certa altura, ele começou a fazer ameaças”, disse.

O arguido foi confrontado pelo Ministério Público com o facto de não ser pronunciado, quando foi ouvido em sede de inquérito, sobre um documento que Abílio Costa entregou à PJ/Braga, descrevendo um suposto esquema de luvas na venda de autocarros, tendo dito que, na altura não lho mostraram, apenas lhe disseram que existia, pelo que não o pode rejeitar, como “falso que é”.

O Tribunal começou, de seguida, a ouvir as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa no julgamento do processo, tendo começado pelo contabilista António Cerqueira, que trabalhou para o grupo Meneses da Costa.

Foi-lhe mostrada uma parte dos autos na qual a acusação sustenta que Vítor Sousa, o antigo presidente dos TUB, não terá pago uma parte de um carro que adquiriu a Abílio Costa, no valor de 12500 euros. O seu depoimento foi inconclusivo, não rejeitando nem confirmando a tese da acusação.

Quando prestou declarações, Vítor Sousa disse que passou um cheque pré-datado de 12,500 euros a Abílio Costa e que este o usou num banco para obter o dinheiro antecipadamente. Num esquema de rolamento de cheques que seria habitual na vida do empresário. Mais tarde, o cheque foi devolvido a Vítor Sousa dado que havia um encontro de contas a fazer por causa de um acidente envolvendo a dita viatura, e cujo salvado ficou para Abílio Costa. Ou seja, diz Vítor Sousa, foi apenas um esquema de cheques sem qualquer benefício pessoal, ou seja, sem que tivesse algo a ver com luvas.

O coletivo de juízes da Vara Mista terminou, assim, a audição de três dos quatro arguidos, já que a ex-vogal dos TUB Cândida Serapicos se escusou a falar em audiência.

O julgamento, que prossegue esta quinta-feira dia 28 com a audição das testemunhas, abrange, ainda, o ex-administrador dos TUB, Vítor Sousa, a ex-vogal da empresa municipal, Cândida Serapicos, o ex-diretor técnico Luís Vale, e a própria filial nacional da MAN- Trucks & Bus Portugal. Os dois ex-administradores dos TUB estão acusados de corrupção passiva para ato ilícito e de gestão danosa, enquanto que o ex-diretor responde por corrupção passiva. Os outros dois arguidos estão acusados por corrupção ativa em prejuízo do comércio internacional.

 
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